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Apenas 2% das bolsas do Ciência sem Fronteiras beneficiam alunos da pós
Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
05/04/2017 | 07:00
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 Depois de três anos sem ofertar novas vagas para as chamadas graduações sanduíche no exterior, o MEC (Ministério da Educação) oficializou, nesta semana, o fim da modalidade no programa Ciência Sem Fronteiras. Ao alegar dificuldades financeiras com a manutenção do intercâmbio, o governo federal decidiu manter apenas as bolsas destinadas aos estudantes da pós-graduação – os quais representam apenas 2% dos alunos da região. Desde que o projeto foi criado, em 2011, 98% dos estudantes do Grande ABC beneficiados pela medida estavam na graduação.

Por meio do programa, UFABC (Universidade Federal do ABC), campus Diadema da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Instituto de Engenharia Mauá, Universidade Metodista de São Paulo, USCS (Universidade Municipal de São Caetano), FSA (Fundação Santo André) e Anhanguera enviaram pelo menos 1.898 alunos para países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Austrália para a graduação sanduíche. Em contrapartida, apenas 39 estudantes da pós-graduação foram contemplados no mesmo período, conforme dados oficiais do programa de janeiro de 2016.

A bolsa de estudos voltada à graduação contemplava alunos de cursos tidos como prioritários pelo governo federal, como Tecnologia, Engenharia e da área científica. Os estudantes precisavam ter perfil de excelência para ser aprovados em processo seletivo interno na universidade e externo, feito pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para se manter no país escolhido, o aluno recebia auxílio financeiro de acordo com o local, além de moradia e alimentação. A bolsa variava de 300 dólares (cerca de R$ 924) a 860 euros (R$ 2.844).

Na justificativa, o MEC destacou que “a atual gestão encontrou o programa com dívidas elevadas deixadas pelo governo anterior e que estudantes estavam no exterior sem recursos”. Conforme a Pasta federal, “a primeira providência da atual gestão foi garantir recursos financeiros para honrar os compromissos assumidos com os bolsistas, a fim de não prejudicá-los”.

No entanto, em julho de 2016, após avaliação da modalidade graduação, o governo federal chegou à conclusão de que “era alto o custo para manter os alunos estudando fora do País”, cerca de R$ 100 mil por ano por 35 mil bolsistas. Apenas em 2015, o programa custou aos cofres públicos R$ 3,7 bilhões, conforme o MEC. “Diante deste quadro, o Ciência sem Fronteiras permaneceu com foco na pós-graduação. Atualmente, a Capes discute novas estratégias de internacionalização e apoio à excelência nas universidades”, alegou.

“Trata-se de retrocesso na formação dos estudantes e no incentivo à formação acadêmica”, analisa o professor Gilberto Alvarez, presidente da Fundação PoliSaber e diretor do Cursinho da Poli. Conforme o especialista, a interrupção de programas como o Ciências sem Fronteiras e a queda abrupta no financiamento das universidades públicas “são notícias que se somam às muitas denúncias de sucateamento do Ensino Superior.”




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