Economia Titulo Empregos
Região tem menos 21% das vagas de 2008
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
01/05/2010 | 07:00
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Desde que a crise econômica eclodiu, em setembro de 2008, foram eliminados milhares de empregos no Grande ABC. Entre outubro de 2008 e junho de 2009, o saldo de vagas formais ficou negativo em 27.312 postos de trabalho. A partir do início da recuperação da economia, em julho de 2009, no entanto, foram reconquistadas 29.882 vagas.

O dado, embora positivo, ainda está 21,5% aquém do saldo obtido no período pré-crise, que vai de janeiro a setembro de 2008. À época, foram gerados 38.079 postos com carteira assinada na região. Ou seja, ainda faltam abrir 8.197 vagas para igualar o patamar.

Segundo o diretor do departamento de indicadores sociais e econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, esse ‘déficit' certamente será compensado pela retomada da atividade industrial e das exportações. "Neste ano, a indústria deve crescer entre 10% e 12%. Como as economias estrangeiras de países como Alemanha, Japão e Espanha estão reagindo, certamente as vendas ao Exterior serão retomadas", aposta.

O coordenador do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, endossa a força da indústria neste ano e ressalta que a região só tem a se beneficiar com isso, devido a forte presença do segmento. "Para se ter uma ideia, fechamos 2008 com saldo de 26,5 mil postos de trabalho, e 2009, com 1,400. Na Região Metropolitana, excluindo o Grande ABC e a Capital, os saldos foram de 53,2 mil em 2008 e 27,1 mil no ano passado. As quedas são mais bruscas na região por conta da presença mais forte do segmento. "

No ano passado o setor que mais contratou foi o de serviços que, na avaliação de Ribeiro, deve seguir abrindo vagas, principalmente porque sub-setores como serviços de logística (transporte) e de produção (limpeza, segurança) estão diretamente ligados ao desempenho industrial. O comércio, por sua vez, deve seguir aquecido, pois, com mais gente empregada, maior é o consumo e, consequentemente, cresce a demanda por trabalhadores.

MUNICÍPIOS - Durante o período pré-crise, em que a economia regional estava à pleno vapor e as exportações viviam em escala ascendente, São Bernardo foi o município que mais gerou emprego, com saldo de 13.753 vagas entre janeiro e setembro de 2008.

Quando a crise se instaurou, todas as cidades registraram saldos negativos. São Bernardo foi a que mais demitiu, ao todo 7.302, principalmente pelo fato de abrigar as sedes de cinco montadoras - Ford, Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania e Toyota. O setor industrial foi o que mais sofreu com os efeitos da turbulência entre outubro de 2008 e junho de 2009, por isso os postos de trabalho no município foram mais penalizados.

"O consumo das famílias foi basicamente o que segurou o emprego durante a crise, com a movimentação dos setores de comércio e serviços (como escolas e hospitais)", explica Ribeiro.

Já na retomada, desde julho, a cidade que mais gerou emprego até o momento foi Santo André, com saldo de 8.951 vagas. O município se beneficia pelo fato de ter a economia mais diversificada da região. Por não concentrar os empregos em um só setor, consegue contratar mais mão de obra.

Na avaliação de Funcia, com base nos dados do primeiro trimestre, das 12.691 vagas, 4.755 foram abertas na indústria. "Isso é um bom sinal. Se continuar assim, poderemos até bater o recorde da década, superando 2004, quando o ano se encerrou com 48,8 mil postos de trabalho formais."

Renda média no Grande ABC cresceu 6,92%

No Grande ABC, os salários médios de admissão pagos durante o 1º trimestre são 6,92% maiores dos que um ano atrás, alcançando R$ 941,66. Em comparação ao 4º trimestre, a elevação é de 4,13%.

Isso acontece, de acordo com o diretor do departamento de indicadores sociais e econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, por conta de uma somatória de fatores, entre eles o crescimento da massa salarial, decorrente do aumento das contratações. "No entanto, isso não significa que os salários médios tenham crescido, mas que uma quantidade maior de pessoas está no mercado de trabalho", explica.

Prova disso, é o salário médio dos demitidos na região no primeiro trimestre, de R$ 1.022. O montante, que reflete o estoque de mão de obra, recuou em 6,68% na comparação com o mesmo período em 2009. Em relação ao 4º trimestre, a queda é de 0,43%.

"As contratações feitas são de profissionais com salários menores, enquanto que as demissões são geralmente de quem tem melhores cargos e, consequentemente, melhor remuneração", aponta Ribeiro.

Pesaram também no aumento do rendimento médio pago na região aos recém-admitidos o crescimento do salário-mínimo de R$ 465 para R$ 510, desde janeiro, e a alta demanda por profissionais no setor da construção civil, que carece de mão de obra especializada.

No segmento, a média paga atualmente é de R$ 1.108, montante 8,99% superior ao remunerado um ano atrás. Frente ao 4º trimestre, a alta é de 7,42%.

A média do salário já está semelhante ao oferecido na indústria, onde está se pagando cerca de R$ 1.187, valor 1,80% superior do que no 1º trimestre de 2009 e 0,74% inferior ao pago entre outubro e dezembro.

No segmento de serviços, a média salarial na região é de R$ 821, montante 3,59% maior do que de janeiro a março do ano passado e 1,66% superior ao remunerado no 4º trimestre.




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