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Lentidões atrapalham
uso do Bilhete Único

Integração temporal é dificultada pelos longos
percursos percorridos pelos ônibus e pelo trânsito

Fabio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
16/06/2013 | 07:00
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Tiago Silva/DGABC


A falta de mobilidade em Santo André prejudica o funcionamento do recém-criado Bilhete Único Andreense, que entrou em operação na segunda-feira. O cartão permite que o usuário embarque em três ônibus municipais pagando apenas uma passagem em período de uma hora e meia em dias úteis e duas horas aos fins de semana e feriados.

A integração também é dificultada pelos longos e demorados trajetos, característica que a Prefeitura pretende começar a mudar a partir do ano que vem, após conclusão de pesquisa de origem e destino dos passageiros.
Durante a semana, a equipe do Diário percorreu diversas linhas para testar o funcionamento do sistema. Em três casos, a reportagem não conseguiu embarcar em três veículos dentro do período estabelecido.

A primeira viagem foi feita no itinerário T 15, que liga o Terminal Oeste ao Hospital Mário Covas. O trajeto até o ponto final, no bairro Paraíso, foi feito em 50 minutos. Lá, o repórter desembarcou e logo em seguida entrou em veículo da linha B 63, até a Vila Palmares. A viagem foi encerrada às 16h33 – acima, portanto, de uma hora e meia. Já não seria possível utilizar outro ônibus sem gasto extra.

Em seguida, a equipe entrou em coletivo da linha B-47, que liga o bairro até a Vila Luzita. O trajeto total, de 21 quilômetros, foi feito em uma hora e 31 minutos, chegando à estação às 18h15. De lá, foi feito embarque em ônibus que faz o itinerário TR 141, até o Terminal Oeste. A viagem durou uma hora e 15 minutos. O tempo de percurso aumentou devido ao congestionamento no Centro – onde o veículo ficou parado por quase 40 minutos.
“O tempo do Bilhete Único é insuficiente. Moro no Clube de Campo e trabalho na Cidade São Jorge. Não dá para chegar em uma hora e meia. Deveria ser de duas horas, no mínimo”, reivindica a operadora de produção Helena Mendes, 48 anos.

O gerente geral da Aesa (Associação das Empresas do Sistema de Transporte de Santo André), Luiz Marcondes de Freitas Júnior, reconhece que o Bilhete Único tem as “funcionalidades restritas” devido aos problemas de mobilidade. “Quando atingirmos a velocidade plena e o tempo de percurso ideal, atingiremos 100% de atendimento, mas ainda é preciso fazer complementos e intervenções.” O representante das empresas considera, no entanto, que o tempo estabelecido é adequado.

O secretário de Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra, que responde pelo transporte municipal, reconhece que o novo sistema de integrações terá mais eficiência depois de implantadas as alterações nos itinerários e da construção de 13 corredores de ônibus (leia abaixo). “Estamos em um processo de mudança da cultura do transporte coletivo da cidade e a população ainda está se acostumando. Apesar disso, não recebemos nenhuma reclamação quanto ao tempo do Bilhete Único.” Paulinho acredita que os ônibus municipais ganharão agilidade depois da reorganização.

Prefeitura pretende alterar itinerários e criar 13 corredores - Para diminuir o tempo de permanência dos passageiros nos ônibus municipais, a Prefeitura de Santo André pretende fazer alterações nos itinerários a partir do ano que vem. As mudanças serão definidas com base na pesquisa de origem e destino que será elaborada no segundo semestre pela SATrans.

“O objetivo é criar linhas mais curtas, além de itinerários circulares, de forma com que menos ônibus tenham de passar pelo Centro”, diz o secretário de Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra. Segundo ele, diariamente os coletivos municipais passam cerca de 400 vezes na região central, enquanto os intermunicipais têm o dobro da frequência. A Avenida Perimetral e as ruas Siqueira Campos, General Glicério e Luís Pinto Flaquer são as mais afetadas pela sobreposição de itinerários, o que provoca congestionamentos.

A Prefeitura espera ainda a aprovação de financiamento junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para construção de 13 corredores de ônibus, em vias como Industrial, Dom Pedro II e Estrada do Pedroso. Outra expectativa é pela reabertura da Estação Pirelli da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), o que permitirá reorganização de linhas vindas da Vila Luzita em direção à via férrea, diminuindo a necessidade de ir ao Centro. A partir de julho entrarão em operação 75 ônibus zero- quilômetro, todos com acessibilidade para deficientes.




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