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Perspectiva de calotes tem a sétima alta seguida
Por Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
12/04/2011 | 07:17
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Os rumos da inadimplência no País seguem por caminhos indesejáveis. Em fevereiro, indicador que prevê os calotes daqui a seis meses subiu 1,7% em relação a janeiro. A pontuação atingiu 97,8 pontos - a sétima alta mensal consecutiva - indicando que as dívidas não pagas devem aumentar ainda mais em agosto. Os dados foram divulgados ontem pela Serasa Experian.

Pontuação de 100 representa padrão histórico do País: o que reforça que os dados de fevereiro não projetam descontrole de inadimplentes. Apesar disso, foi o maior patamar desde novembro de 2009, quando a escala atingiu 98 pontos e já causa preocupação.

O gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, pontuou que todas as ações anti-inflação adotadas pelo governo, quanto mais ganham corpo, ao longo do tempo, aumentam na mesma proporção os calotes. "Isso provoca duas coisas: uma é o custo do carregamento das dívidas, onde tudo fica mais caro, como o cheque especial. A outra é diminuir o ritmo de geração de empregos. Tudo isso contribui para elevar a inadimplência." O economista ressaltou ainda que os compradores olham as condições de pagamento hoje da mesma forma que em 2010. No ano passado, o País vivia melhores condições para aquisições no prazo, com mais facilidades para se quitar esses débitos. "Por conta do endividamento muito forte das pessoas no ano passado, as ações para frear a economia acabam produzindo esse cenário. É uma consequência natural."

O professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Radamés Barone destacou outros caminhos a fim de conter crescimento de devedores.

Ele explicou que, caso o governo não adote políticas mais severas de aperto à oferta e facilidades de crédito, o consumidor continuará recorrendo aos empréstimos. Isso aumenta as dívidas, já que o comprador não dispõe de verba suficiente para honrar os débitos.

Barone disse que as medidas do governo não estariam surtindo os efeitos desejados dentro do prazo. Junto a isso, há menos possibilidades de conter as compras por crédito, pois ainda há estímulos no mercado que atraem os consumidores. "Além de elevar mais os juros é necessário diminuir essa demanda. Uma forma seria reduzir o número das parcelas, pois hoje o prazo está à vontade. Nesse conjunto, equilibra-se a demanda e pode ser que consiga controlar a inflação e a inadimplência", comentou Barone.

Já Rabi afirmou que dificilmente se verá os níveis de devedores esfriarem nos próximos meses, embora descarte pontuação acima de 100 até dezembro. Ações econômicas hoje se propõem a evitar uma explosão nos calotes - o que estaria, por ora, fora do radar -, conforme afirmou o gerente da Serasa ao sustentar que a melhor forma de reverter essa trajetória é o consumidor evitar sair às ruas para contrair dívidas. "É preciso colocar na cabeça que este não é um bom cenário para se endividar", completou.




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