Cultura & Lazer Titulo Música
Lennon por Bob Gruen

Exposição que abre hoje no MIS reconta em imagens a vivência do ex-beatle em Nova York

Por Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
12/03/2020 | 23:32
Compartilhar notícia


Imagine ter livre acesso aos bastidores do rock. Colocar na lista de amigos e clientes figuras como Elton John, Tina Turner, Alice Cooper, e sair em turnê registrando as performances de Aerosmith, Kiss, Led Zeppelin e The Who. Imagine – sem trocadilho com o nome da canção – ser vizinho de um dos maiores ídolos musicais de todos os tempos, John Lennon, e registrar cenas de sua intimidade, como quando deixou de criar suas canções para cuidar, exclusivamente, do filho Sean.

Pois bem, esta descrição não se trata de sonho de um apaixonado por música, mas sim uma pincelada no currículo do fotógrafo norte-americano Bob Gruen. Ele é autor das 130 fotos que podem ser vistas a partir de hoje no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, na exposição John Lennon em NY por Bob Gruen.

“Quando conheci John e Yoko (Ono) logo nos aproximamos. Eles eram muito engraçados, não tinha uma vez em que não nos encontrávamos que estavam tristes. Também gostavam de comer muito, por isso, geralmente, eu ia na casa deles no horário do jantar (risos)”, lembrou o veterano fotógrafo em coletiva de imprensa ontem, em São Paulo.
Gruen passou a acompanhar as cenas do cotidiano do casal em 1971, pouco tempo após o ex-beatle deixar a Inglaterra e se mudar para Nova York. Autor de uma das fotos mais famosas de Lennon – a que ele aponta para cima imitando a Estátua da Liberdade –, Gruen acompanhou seu trabalho solo ao lado de Yoko, com seus parceiros musicais, entre eles Elton John e Mick Jagger, além de sua atuação em prol dos direitos humanos.

“Desde que sentamos a primeira vez para conversar com Bob me pareceu que a gente tinha a oportunidade de contar várias histórias dentro de uma mesma história que é a vida de John Lennon em Nova York”, analisa o jornalista e curador da mostra, Ricardo Alexandre. Por isso, foi decidido selecionar as imagens em três vertentes: mostrando a amizade entre o músico e Bob; a relação de John com a cidade e, por fim, a arte que criou durante o período. “Ele foi um dos primeiros artistas a se colocar completamente transparentemente na arte que estava fazendo, isso desde Help (1965). Ele foi progressivamente se expondo, usando sua imagem, as suas dúvidas e existencialismo em prol de sua música. Então é muito difícil dizer qual é a arte do John Lennon: se está nos discos ou se é o que está nas fotos. Eu arriscaria dizer que tudo é sua arte”, completa o curador.

Quem inicia o percurso imersivo na vida e obra do ex-beatle não tem como não se emocionar, principalmente se for fã. Inclusive porque, em som ambiente, tocam seus sucessos, entre eles as músicas Power to the People e Whatever Gets You Thru the Night.

As imagens, que ocupam dois andares e são divididas em sete áreas, apresentam, em ordem cronológica, a mudança do casal para a cidade, quando iniciou-se a fase de maior atividade política, também marcada pelos problemas com a imigração; o período entre 1973 e 1975, em que John e Yoko ficaram separados e, logo depois, quando reataram e Lennon se retira da vida pública para “cuidar da casa, da mulher e dos filhos”. Foram cinco anos de período sabático, dedicado exclusivamente ao lar.

O ex-beatle depois retornou à vida pública e, dois dias antes de morrer, em dezembro de 1980, se encontrou com Gruen. “Até hoje não consigo me conformar com sua partida”, confessa Gruen. O ponto alto da mostra, para ele, é o que recria os bancos do Central Parque, local bastante frequentado pelo casal, cujo amor é retratado de todas as formas pelas paredes do espaço. É de arrepiar.

John Lennon em Nova York por Bob Gruen –
Exposição. No MIS – Avenida Europa, 158. De hoje até 7 de junho, terças a sábados, das 10h às 20h, e, domingos e feriados, das 10h às 19h. Ingressos: R$ 20 (R$ 10 meia-entrada) à venda em www.sympla.com.br. De terça-feira a entrada é gratuita.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;