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Hip Hop incentiva jovens na luta contra crimes e violência

Tragédia com adolescente em 2017 movimentou atividades em bairros de São Bernardo; ações envolvem oficinas de dança, grafite e música

Yasmim Assagra
Do Diário do Grande ABC
08/03/2020 | 23:13
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A dança, o rap e os grafites buscam devolver à Vila Ferreira, bairro periférico de São Bernardo, a tranquilidade roubada por tiro disparado, de forma covarde, nas primeiras horas de 11 de agosto de 2017. Às 6h45, após reagir a assalto, o estudante Vinícius Vilela, 15 anos, foi assassinado pelas costas na Rua da Educação enquanto ia para a escola. Uma semana depois, a tragédia aumentou. Pai do garoto, o pedreiro José Pereira Vilela, 53, que presenciara o crime, deu fim à própria vida.

Desde 2014 envolvido em trabalhos sociais com crianças e adolescentes, o Instituto Cativar, que fica na Vila Alves Dias, resolveu intensificar as ações para ajudar a comunidade vizinha a superar as consequências do trauma provocado pelas duas mortes. O ponto de partida, foi a Caminhada pela Paz. Sete dias após o assassinato, 300 pessoas percorreram as ruas da Vila Ferreira pedindo o fim da violência. O ato reuniu, além de amigos e familiares das duas vítimas, professores e funcionários de seis escolas da região. A introdução do hip hop para curar as feridas veio logo na sequência.

“Essas atividades mudam a vida das pessoas. Aqui (Vila Alves Dias) e em bairros vizinhos não existiam ações sociais promovidas por institutos, então, nos instigou a movimentar esse cenário”, destaca a coordenadora da entidade, Nádia Regina Valle Gibo, 46.

Após a tragédia, e junto ao Instituto Cativar, outros seis locais da cidade – Emeb Professor Florestan Fernandes, Emeb Marcelo Peres Ribeiro, Emeb Padre José Maurício, Escola Estadual Maria Osório Teixeira, UBS (Unidade Básica de Saúde) Alves Dias e Cras (Centro de Referência da Assistência Social) Alves Dias – se uniram e criaram o chamado Coletivo Alves Dias, para promover outras atividades sobre o assunto e partir de pesquisas, descobriram que o grande interesse dos jovens estava pela música.

“Assim, demais atividades foram se fortalecendo aos pedidos de paz e menos violência. Quando ele (Vinícius) faleceu, foi um grande luto. Então, os trabalhos foram começando através de segmentos do hip hop, principalmente pelo grafite, para conseguirem verbalizar o que eles (jovens) estavam sentindo”, conta Nádia Gibo.

A ideia de trabalhar com os segmentos do hip hop, que também incluem dança e rap, surgiu de um projeto do instituto chamado Vez & Voz, que já utilizava como ferramenta a temática do empoderamento e protagonismo de lideranças comunitárias.

O professor de grafite Laerte Rodrigues, mais conhecido como Sarará, 31, observa o protagonismo dos alunos por meio da arte. “Revela a autoestima e prova o talento deles, que, muitas vezes, não sabiam que tinham. Além disso, trabalhamos diariamente o coletivo e a empatia também”, destaca.
No ano passado, alunos do instituto revitalizaram com arte urbana cerca de 300 metros de vielas do Jardim Nazareth, que dá acesso a locais importantes do bairro e de grande movimentação, no projeto Vielas Pedem Paz.

O jovem Kayky Rheman Santana, 16, estudava com o Vinícius quando estavam no 1º ano do ensino médio, e destaca a importância das atividades pelo bairro. “Acredito que levamos essa solidariedade pelas ruas de toda região e ajudamos também, por exemplo, na realidade de jovens que estejam com problemas na família ou na escola também.”

PLANOS
Para este ano, o Instituto Cativar busca expandir os atendimentos a outras regiões, como os bairros do Areião e Alvarenga, com média de 60 vagas para crianças e jovens dos 6 aos 17 anos. 




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