Santo André pode começar a próxima semana sem o patrulhamento da guarda civil municipal nas ruas. A ameaça é feita pelos guardas municipais, que exigem da administração aumento de 22% no adicional de periculosidade da corporação. Hoje, eles recebem 18,7% de adicional. Caso não sejam atendidos na reivindicação, eles ameaçam paralisar as rondas por tempo indeterminado. Dizem que vão parar de dirigir as viaturas e ficar restritos às bases e sede da corporação. A categoria espera hoje uma resposta da Prefeitura.

Os guardas ganham adicional por periculosidade de 18,7% sobre o valor dos salários, que variam de R$ 809,84 a R$ 1.134,03. A categoria quer 40%, agregados permanentemente ao salário. “Hoje se o guarda tomar um tiro e ficar de licença, por exemplo, não recebe os 18,7%”, diz Ednei Rossi, diretor do Sindserv (Sindicato do Servidores Públicos Municipais de Santo André). A reivindicação prevê o recebimento do valor também nas férias.

Na tarde de quinta-feira, a categoria pretende se reunir na Câmara Municipal, enquanto espera a resposta da administração. Caso não consigam o aumento, os guardas farão uma passeata pela cidade, em pleno horário de pico, no fim da tarde. “Queremos que todos conheçam o problema”, explica o sindicalista Rossi, que é guarda municipal há mais de dez anos.

Os guardas ameaçam parar de dirigir as viaturas porque, segundo o sindicato, a atribuição não consta no estatuto da corporação. Outra função, a de agente de trânsito, também não faria parte do estatuto. Segundo o Sindserv, agentes de trânsito ganham R$ 1.353 e qualquer motorista da Prefeitura, R$ 862. “Os salários não têm de ser levados em conta para comparações, pois, quando se fala de carreira com certa semelhança, os salários da Guarda Municipal são equivalentes aos da Polícia Militar”, afirmou a assessoria de imprensa em nota.

Efeito – A Prefeitura afirma não ter recursos para conceder o aumento. Mas as queixas dos guardas em relação à falta de estrutura da corporação já teriam começado a surtir efeito. Segundo homens da Guarda, a Prefeitura teria passado o fim de semana consertando todas as viaturas na oficina da administração. Verbas para a compra de fardamento também teriam sido liberadas. Informações que não foram confirmadas pela assessoria de imprensa da Prefeitura.

Entre os problemas apontados pelos guardas, estão munição vencida, falta de fardamento adequado, armas sem manutenção, bases sem condições de permanência e falta de estrutura logística para a realização de rondas.

Outra queixa é a falta de entrosamento com a empresa de monitoramento responsável pela segurança das escolas municipais e a corporação. Funcionários da empresa de monitoramento já teriam assistido a invasão e roubo de sete escolas da cidade. “Quando eles vêem um crime acontecer, ligam para a Guarda Municipal. Em outras cidades, como São Caetano, é a própria Guarda que faz o monitoramento”, afirma Ednei Rossi, do Sindserv.

 A onda de furtos nas escolas municipais começou há mais de um mês, quando a Prefeitura deixou de renovar contrato com a empresa que mantinha 210 vigilantes nas escolas e postos de saúde da cidade. Segundo o Sindserv, cada segurança desarmado custava R$ 1.862 ao município, mais de R$ 1 mil acima do salário-base dos guardas de terceira classe, que compõem mais de 90% do efetivo da corporação.