Em encontro ontem com empresários da região na sede da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), o deputado federal William Dib (PSDB-São Bernardo) reforçou que a articulação da oposição com vista ao pleito municipal de 2012, em São Bernardo, está sendo conduzida para tentar evitar a reeleição do prefeito Luiz Marinho (PT), porém reconhece que o petista ficará com a maior parte das forças políticas em sua órbita.
"Certamente o Marinho terá a maioria dos partidos como aliados, talvez mais do que na eleição anterior (2008). Até porque, agora, ele tem poderes de esclarecimento que eu não tenho. Ele explica os pontos e as pessoas ficam persuadidas à adesão", comentou o tucano, referindo-se ao uso de barganha da máquina pública, agora não só federal como municipal, para convencimento de líderes partidários.
O tal poder de esclarecimento citado pelo tucano também pode ser traduzido por gastos em campanha. Em 2008, na busca para retomar após 16 anos o Paço de São Bernardo, berço político do PT e domicílio eleitoral do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho fez uma das campanhas mais caras do País, sendo superado apenas por Marta Suplicy (PT), candidata em São Paulo, e Gleisi Hoffmann (PT), postulante em Curitiba (PR).
Com gastos oficiais de R$ 11,1 milhões, o sindicalista despendeu R$ 46,7 por voto, já que conquistou 237,6 mil sufrágios no segundo turno. Enquanto Marta teve que desembolsar R$ 8,75 por voto, por ter a despesa de R$ 21 milhões com a candidatura e conseguido 2,4 milhões de adesões.
No pleito em que concorreu para prefeito pela última vez, em 2004 (à época pelo PSB), William Dib gastou oficialmente R$ 2,3 milhões, angariando 295,4 mil votos, o que equivale a R$ 8 por sufrágio - guardadas as devidas proporções por ter vencido no primeiro turno.
Dib declarou que a única possibilidade de enrijecer a musculatura oposicionista seria a unidade em torno do mesmo projeto. "Estamos conversando com outras legendas para reforçar a chapa. Não podemos ficar isolados. Mas isso só estará definido em julho do ano que vem, quando ocorrerá a convenção partidária. Temos a ciência de que nem sempre articulação significa a vontade popular", sustentou.
O político desconversou quando indagado se ele seria o principal nome contrário para concorrer na corrida pela sucessão de Marinho. "Sou o menos favorito. Temos vários nomes de peso, como o vereador Admir (Ferro), o deputado estadual Orlando (Morando) e eu acho que venho depois nessa disputa."
CEM DIAS
O café da manhã serviu para promover a prestação de contas dos 100 dias de mandato de Dib no Congresso Nacional. O tucano disse que apresentou nove projetos na Câmara Federal, entre eles a criação de escola técnica na região. "O governo federal fez projeto de criar 240 na administração Lula e conseguiu em torno de 14. Indiquei para que uma delas fosse no Grande ABC. Precisamos melhorar o nível de capacitação do jovem que não tem conseguido emprego aqui."
Outras duas matérias citadas são relacionadas à obrigação de contratação de cirurgião-dentista em cada hospital que tenha UTI e outro que estabelece prazo de entrega em até dez dias de remédio para idosos com receita do SUS (Sistema Único de Saúde).
Questionado sobre a efetividade do Consórcio Intermunicipal, o ex-prefeito de São Bernardo condenou a falta de entrosamento dentre os chefes do Executivo, o que diminui a chance de concretizar pautas em comum. "As bandeiras dispersas são os maiores problemas. Cada um pensa apenas em sua cidade e, com isso, o regional fica em segundo plano. Não adianta o presidente ter mais de um ano à frente da entidade se essa pendência não estiver resolvida."
Um dos principais articuladores na tentativa de agregar partidos em torno da chapa contrária ao governo de Luiz Marinho, o deputado federal William Dib admitiu que a oposição perde força na interlocução com a morte de Otávio Manente, na semana passada. O vereador e presidente municipal e vice estadual do PPS era considerado peça fundamental na negociação, já que arregimentava bom trânsito no meio político.
"Dificulta para todos. Não podemos imaginar que o Otávio não faça falta no diálogo. Mas continuaremos as conversações através da liderança do Alex (deputado estadual, filho de Otávio e coordenador regional do partido)." O ex-presidente da Câmara era cotado para a candidatura de vice-prefeito.
O PPS, que lançou Alex como candidato a prefeito em 2008, apoiou o nome de Marinho no segundo turno, contribuindo para a vitória petista. Porém, três anos após a disputa, a relação estremeceu por quebra de acordo firmado no pleito. Hoje, a sigla exerce papel independente.
"A diferença vai ser sentida porque a política de São Bernardo perde pessoa equilibrada que queria construir o bem da cidade", completou Dib, lembrando que Otávio era bem ligado a sua trajetória política por fazerem parte da mesma geração.
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