A deputada estadual Ana do Carmo (PT) disse ser favorável à utilização de um novo modelo para a Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), que privilegie as pequenas unidades e o tratamento individualizado do menor infrator. Ela citou como exemplo o trabalho nesse sentido que já vem sendo feito em São Carlos, com bons resultados.

“A Febem merece atenção especial. É dever de toda a sociedade trabalhar sobre essa questão pelo bem de São Paulo”, afirmou a parlamentar durante a 10ªetapa do Ciclo de Debates do Conselho Editorial do Diário, realizada nesta segunda no Pampas Palace Hotel, em São Bernardo.

Ana do Carmo lembrou que, apesar do mau atendimento prestado ao menor infrator pela Febem, a maioria dos jovens não torna a delinqüir. “Se houvesse tratamento pedagogicamente adequado, conseguiríamos recuperar 90% desses adolescentes.” Ela defendeu as unidades menores que vão na contramão do modelo atual, que chega a concentrar “até 700 jovens na Febem Raposo Tavares”.

A deputada petista reconhece que as dificuldades são muito grandes. “Muita gente fala que o jovem infrator tem que morrer na cadeia. Na realidade, não é assim. O jovem precisa ser tratado como um ser humano de verdade, com respeito e consideração.” Ela lembrou que muitos adolescentes que gostariam de fazer curso de especialização, mas não têm dinheiro para a passagem de ônibus.

Ana do Carmo fez um histórico de sua vida pessoal e política. Contou que veio de Minas Gerais com nove anos de idade e só teve condições de entrar na escola aos 18 anos. Lembrou que trabalhou em fábricas e como diarista em casas de família. Mais tarde, entraria para a militância da Igreja Católica e se tornaria vereadora, “quatro vezes eleita como a parlamentar mais votada do PT de São Bernardo”.

Falando aos conselheiros do Diário, a deputada citou o projeto de sua autoria, que obriga farmácias e drogarias a manter lista de medicamentos com caracteres em braile. O projeto foi aprovado na Assembléia Legislativa, mas vetado pelo governador Geraldo Alckmin. “É tão difícil a gente conseguir aprovar um projeto e quando consegue o governador veta”, desabafou.

Rodoanel – Em relação à construção do trecho Sul do Rodoanel, Ana do Carmo revelou que entrou com solicitação junto ao Ministério Público para ter respondidas algumas perguntas, que ela tem feito às autoridades, sem obter resultado. “Até agora, não sei qual é o traçado do Rodoanel, nem quantas famílias vão ser removidas, nem qual será o impacto sobre o meio ambiente.”