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Mãe reencontra filho após 15 meses
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
29/01/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Amarelada pelo tempo, a faixa profética colocada após o desaparecimento de Vinícius, 6 anos, acabou se tornando realidade ontem, no Parque Boa Esperança, em Mauá. "Nos veremos em breve", dizia o apelo. Um ano, três meses e dez dias depois de ser levado sem autorização pelo pai, o comerciante Marcelo Marques de Almeida, 29, no que seria apenas mais um dia de visita, o menino voltava aos braços da mãe, a auxiliar de produção Janaína Arruda da Paz, 29.

Janaína e Marcelo foram casados por pouco mais de um ano, mas as constantes brigas acabaram com a união. A mãe ganhou a guarda do filho na Justiça, o que teria motivado o pai a desaparecer com o garoto. Até então, ele era distante e frio com a criança, que chorava quando tinha de ficar na casa do pai, segundo Janaína. "Passei um mês acordada."

Desesperada, Janaína concordou em participar de um programa de TV na terça-feira. Lá, exibiu foto do ex. O telefonema veio minutos depois, quando ela ainda estava no ar. No dia seguinte, por e-mail, uma foto de proprietário de pequena loja de DVDs piratas e itens eletrônicos confirmou o paradeiro de Marcelo: Viana, interior capixaba.

Imediatamente ela foi ao Fórum de Mauá, onde conseguiu mandado de recuperação da guarda do filho. No dia seguinte, já estava no Espírito Santos, graças ao resto de suas economias e um rateio feito pelos vizinhos. O reencontro só foi possível na sexta-feira, após Conselho Tutelar e Polícia Civil do Estado se organizarem. Marcelo estava no balcão da loja e imediatamente revelou que o garoto estava em sua casa.

A insônia voltou, mas desta vez por boa causa. "Só consegui ficar olhando para ele. Tenho de tocar nele de vez em quando para ver se não é um sonho, que está acontecendo mesmo", disse.

Janaína conta que o pai havia dito para Vinícius que o menino só voltaria a ver a mãe depois de crescido. "Ele disse que rezava todos os dias para que eu fosse buscá-lo", completou.

O tempo parece que não passou para o garoto. Nenhum detalhe da sua casa passou despercebido no caminho de volta ao Grande ABC, do presente de Dia das Mães ao boneco do filme Toy Story, seu brinquedo favorito. Janaína manteve tudo exatamente no lugar desde que o filho foi levado. "Todo dia esperava vê-lo entrando pela porta. Passava horas olhando pela janela", disse.

Ontem, o dia foi de festa na modesta casa em que o menino voltará a morar com a mãe, os avôs e duas tias. Acordado desde as 3h, Vinícius encontrou fôlego para brincar com o primo de 5 anos que quase foi atropelado por uma moto ao comemorar o retorno na noite de sexta. Finalmente pôde abrir os presentes do Natal de 2010 e brincar no parquinho construído em frente de sua casa. Os vizinhos faziam fila para cumprimentar Janaína e presentear o pequeno, que se esbaldou em suas prateleiras cheias de brinquedos e chorou a morte de seu cachorro e periquito enquanto esteve ausente.

"A minha alegria está de volta à minha casa. Finalmente poderei olhar e ver que meu filho estará do meu lado", exaltou a auxiliar de produção. Nos próximos dias, ela planeja realizar todas as vontades do filho, como ir ao shopping e comer batata frita.

Família teme outro sumiço, mas diz que autoriza visita

Vinícius está de volta, mas Janaína e seus familiares estão longe de ver a preocupação encerrada. Há o medo do de que Marcelo possa tentar novamente levar o garoto. "A gente esperava que ele fosse preso", disse. Mas não há no Código Penal artigo que defina como sequestro pais que fogem com filhos.

Marcelo estaria usando nome e documentos do irmão,que ainda mora em Mauá. Segundo Janaína, em todo o momento os parentes disseram que não sabiam onde estava o garoto. Mas chama a atenção o fato de sua atual namorada, alguns dias atrás, ter falado a mesma coisa e estar morando no Espírito Santo com ele. Ao filho, ele mentia e falava que a acompanhante era sua irmã.

Vinícius foi reencontrado com a mesma sandália que usava no dia do sumiço, remendada com pregos. Dormia em um colchão, no chão, mas não há sinais de maus tratos. A pensão era paga corretamente e sua família diz que o perdoa. "Apesar de tudo, ele era o pai. Se quiser vir ver o menino, deixarei sim", diz a avó.




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