O bairro Santo Bertoldo, próximo às encostas dos bairros São José e Santo Antonio, em Ribeirão Pires, sofre há 40 anos com alagamentos. Além disso, está sob constante ameaça de deslizamentos como o ocorrido há dois anos, quando mãe e duas filhas morreram soterradas. Na Rua Anchieta, palco da tragédia, a construção de muro de arrimo pela Prefeitura está parada.

"O trabalho de remoção da terra começou no dia 9, mas por causa dos temporais, não vemos ninguém no canteiro de obras há uma semana", afirma a dona de casa Josineide Cordeiro, 51 anos. Vizinha do local onde morreram a confeiteira Ana Alice de Oliveira Santos, 36, e as filhas Ana Maria, 13, e Ana Lídia, 9, ela teme nova tragédia caso as obras não prossigam. "Vivo com medo."

O aposentado Antônio Paulino da Silva, 62, morador da Rua Dona Valentina, teve o muro dos fundos da casa destruído no domingo pelas máquinas. "A Prefeitura prometeu arrumar em breve. Agora que estão fazendo as obras, sinto-me mais seguro, mas mesmo assim tenho medo de deslizamentos."

As obras de contenção de encostas não devem ficar prontas até o fim do verão. O prazo de conclusão é de seis meses. Em entrevista ao Diário em novembro, o prefeito Clóvis Volpi (PV) informou que a demora no processo de licitação se deu por entraves jurídicos. A obra consumirá R$ 3 milhões da União e contrapartida municipal de R$ 900 mil.

Enquanto isso, os alagamentos prosseguem. Na Rua Santo Bertoldo, o problema se repete em todos os verões. "Depois que canalizaram um córrego na Rua Imigrantes, a vazão das águas diminuiu e os alagamentos aumentaram", relata o comerciante Calos Roberto França, 44.

Para driblar o problema, França construiu um pequeno muro em volta de seu bar com o objetivo de barrar a entrada da água. A Prefeitura de Ribeirão Pires não respondeu aos questionamentos sobre os problemas enfrentados pelos moradores do bairro.