O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sustentou ontem que a cúpula do governo apresentou plano de reajuste salarial “além dos limites” financeiros para o funcionalismo público. Ao lado da equipe econômica, o petista se reuniu, no Paço, com representantes do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) para rediscutir a proposta, fragmentada em duas vezes de 4%. A pedido da entidade, o Executivo adiará para a semana que vem projeto de lei – o índice será apreciado em assembleia da categoria, marcada para hoje – que tramita na Câmara. Como novidade nas negociações, a administração incluiu a alternativa e cogita substituir a última parcela por pagamento de abono em janeiro.

O encontro durou cerca de duas horas. O secretário de Administração, Antônio Leite (PT), admitiu que há possibilidade de alterar a proposta, trocando o percentual que seria quitado em dezembro pelo valor do abono, descontado na folha salarial do mês seguinte. “Vamos fazer este levantamento. Entregaremos amanhã (hoje). Faremos estudo (de pagamento) entre R$ 650 e R$ 750. Com essa eventual mudança, os 4% finais entrariam em abril de 2016”, disse o titular. A inflação do período no exercício até a próxima data-base, entretanto, não influenciaria no acordo do ano que vem.

O governo petista busca a última cartada para que os números sejam aceitos pela categoria. O Paço apresentou sexto percentual no Legislativo na semana passada, porém, o índice apareceu de última hora, sem passar pelo crivo do sindicato e houve protesto na Câmara – manifestantes pediam pela reprovação do texto. As cinco propostas anteriores foram rejeitadas em assembleia. Agora, ao que tudo indica são as duas alternativas derradeiras. “Vamos colocar em votação. Apesar de não apresentar tanta mudança, conforme as nossas pretensões, houve pequeno avanço, embora avalie que o abono sem o índice em dezembro fica inviabilizado”, alegou o presidente do Sindserv, Carlos Pavan.

Com a prorrogação do prazo, o Paço evita eventual revés na Casa. Além da ponderação interna do Paço, mesmo que o texto fosse aprovado hoje em plenário, o percentual de reajuste apenas entraria na folha de pagamento no dia 15, data do adiantamento de junho. “Nós, do sindicato, requeremos a retomada das negociações e vamos esgotar todas as chances de diálogo. No momento, não há temeridade em ter aval rápido (na Câmara). Até porque não faz diferença votação do projeto na semana que vem”, acrescentou o sindicalista.

Grana ressaltou o empenho pessoal e do Executivo em procurar caminhos por ajuste junto à categoria, destacando a exclusão dos funcionários comissionados no aumento por conta da dificuldade nas contas. “Os servidores sabem do meu esforço e tem tido comportamento exemplar.” O impacto estimado é de R$ 31 milhões. Santo André e São Bernardo são as únicas que ainda não chegaram a um consenso.

(Colaborou Leandro Baldini)