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Ney Matogrosso fala de luz
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
07/09/2005 | 08:16
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Ney Matogrosso foi o alvo dos holofotes na tarde de anteontem no Teatro Timochenco Wehbi, em São Caetano. O artista dominou o microfone, mas não para cantar, e sim para falar sobre iluminação, área na qual atua há cerca de 20 anos. Ele marcou presença no I Congresso Brasileiro de Iluminação Cênica, evento iniciado domingo passado e que termina nesta quarta-feira. Com a platéia lotada, o intérprete protagonizou um simpático bate-papo com as cerca de 150 pessoas presentes. Sob o comando dele, a conversa, que tinha tudo para ser séria, tornou-se uma atividade descontraída.

Experiência para falar a respeito do tema do congresso, Ney tem de sobra. Além de assinar a iluminação de seus shows, ele também já atuou na área para diversos outros artistas, como Chico Buarque e Simone. Iluminou também o último show do grande amigo Cazuza, quando usou uma luz rosa para deixá-lo menos abatido.

Ney lembrou que nos anos 1960 trabalhou como ator, época em que já se aventurava na iluminação. Mas a primeira vez que ele assinou uma ficha técnica como iluminador foi nos anos 1980, para o RPM, a extinta banda liderada por Paulo Ricardo. Em um espetáculo musical, segundo Ney, a iluminação "é o espírito do que está sendo dito".

Alguns momentos engraçados embalaram a palestra. Um exemplo foi quando o cantor foi questionado sobre qual seria a função social do iluminador: "Função social? O que ele tem é função artística. Função social só quando sai do teatro".

Para Ney, as principais diferenças entre iluminação para teatro e para espetáculo musical é que no primeiro caso há um texto a ser compreendido, enquanto shows são divididos em quadros.

Outra questão tratada pelo cantor-iluminador foi sobre os imprevistos que costumam ocorrer em espetáculos. "Às vezes acaba a luz ou entra luz errada. Até interferência de rádio entra no meio do som. Entra polícia. O negócio é fingir que está tudo certo".

"Para os meus shows, o que pago de mais caro é o aluguel de equipamentos de iluminação, algo em torno de R$ 2,5 mil por dia", falou Ney, colocando o dedo na ferida das questões financeiras. Ele também afirmou que só bom equipamento não faz boa iluminação: "Não adianta ter um aparelho maravilhoso que anda pelo palco se ele não diz nada. É desperdício de dinheiro".

O congresso, realizado pela Fundarte (Fundação das Artes) de São Caetano e pelo Gephic (Grupo para Estudos, Pesquisa e História da Iluminação Cênica), termina nesta quarta-feira. A atração é a palestra de Peter Gasper, ex-diretor do departamento de iluminação da TV Globo. A atividade está marcada para a partir das 9h30 no Teatro Paulo Machado de Carvalho (al. Conde de Porto Alegre, 840) e tem entrada franca. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 4238-3030.




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