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Vereadores recebiam Mensalinho, diz PF

Planilhas indicam pagamentos a 21 parlamentares e um suplente; votação de impeachment baseou ação

Júnior Carvalho
Do dgabc.com.br
14/12/2018 | 07:00
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A PF (Polícia Federal) e a CGU (Controladoria-Geral da União) acusam 21 dos 23 vereadores de Mauá, além de um suplente, de receberem espécie de Mensalinho em troca de apoio político ao governo do prefeito Atila Jacomussi (PSB) na Câmara, conforme desdobramentos da Operação Trato Feito.

A suposta mesada, de acordo com a PF, era paga de forma diferenciada para cada parlamentar. Foram encontradas várias listas – junto ao ex-secretário João Gaspar (PCdoB) – com os nomes de cada vereador, acompanhados de números, que a PF sustenta serem os valores dos pagamentos. Estão nas planilhas os nomes de praticamente todos os parlamentares, com exceção do oposicionista Marcelo Oliveira (PT) e de Chico do Judô (Patriota) (leia mais abaixo). Também consta o suplente Jair da Farmácia (MDB), que exerceu o mandato desde o começo da legislatura até o mês passado.

A PF ressaltou que o número de vereadores (incluindo o suplente) acusados é justamente idêntico ao placar das duas vezes em que a Câmara rejeitou dar andamento a pedidos de impeachment de Atila – 22 a 1 –, com base nas revelações da Prato Feito.

Em uma dessas planilhas, constam o que seriam pagamentos no valor de R$ 8.000 a Ricardinho da Enfermagem (PTB); Adelto Cachorrão (Avante); Cincinato Freire (PDT); Jair da Farmácia; Severino do MSTU (Pros); Sinvaldo Carteiro (DC); Melão (PPS); Manoel Lopes (DEM); e Ivan (Avante). Também há indicações de mesada no valor de R$ 10 mil a Gil Miranda (PRB); Samuel Enfermeiro (PSB); e Tchacabum (PRP). De R$ 12 mil para Bodinho (PRP); Betinho Dragões (PR); e para o ex-líder do governo Atila Fernando Rubinelli (PDT). A lista integra ainda possíveis mesadas de R$ 14 mil para Irmão Ozelito (SD) e de R$ 15 mil para Professor Betinho (DC), que também foi líder do Paço; Jotão (PSDB) e Pastor José (PSDB). O recém-eleito presidente da Câmara Neycar (SD) seria beneficiário de R$ 18 mil mensais.

Parte desses vereadores foi intimada ontem para prestar esclarecimentos. A PF não confirmou quais parlamentares foram ouvidos. Informou que parte deles ainda será intimada no decorrer da investigação. O Diário falou com dois deles, que deixavam a sede da PF, na Lapa. Jair da Farmácia (MDB) se negou a dar explicações sobre as acusações.

O também governista Severino do MSTU (Pros) saiu do local às pressas, ladeado de assessores e do advogado, para não falar com os jornalistas. “Não me perguntaram nada, não tive acesso (ao processo)”, disse. Questionado se teria recebido vantagens em troca de apoio a Atila na Câmara, o parlamentar negou. “Até hoje, não”. O Diário também teve acesso ao interrogatório de Cachorrão, que nega ter recebido recursos ilícitos.

Por meio de nota, a Câmara de Mauá informou que se mantém à disposição da Justiça.


Ilesos, Marcelo e Chico lamentam episódio


Dois únicos vereadores de Mauá que passaram ilesos da Operação Trato Feito, deflagrada ontem pela manhã pela PF (Polícia Federal) e pela CGU (Controladoria-Geral da União), Marcelo Oliveira (PT) e Chico do Judô (Patriota) lamentaram o ocorrido.

Ontem, autorizados pela Justiça Federal, policiais federal cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete de 21 parlamentares – a cidade conta com 23 eleitos. Foi alvo também o suplente Jair da Farmácia (MDB), que exerceu a vereança até o mês passado, justamente porque Chico do Judô havia se licenciado em janeiro de 2017 para ser secretário de Serviços Urbanos.

“É muito triste o que está acontecendo na cidade. Essa operação da PF só constata essa situação. A PF pediu o afastamento dos vereadores da Casa, isso é muito triste, afinal, somos colegas de Câmara”, relatou Marcelo, ao citar o pedido da polícia, não acatado pela juíza federal Raquel Silveira, do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).

Pela manhã, quando policiais vistoriavam os gabinetes e levavam possíveis provas contra os parlamentares, o petista demonstrou surpresa. “Eu não estava sabendo de nada. Fui para São Paulo logo cedo resolver algumas coisas pessoais e estou acompanhando a ação da PF daqui. Estou saindo daqui e voltando para Mauá para acompanhar mais de perto o que está havendo.”

Chico também lamentou o fato de colegas serem envolvidos na Operação Trato Feito. O parlamentar retornou no mês passado, após quase dois anos como secretário de Serviços Urbanos, na tentativa de viabilizar sua candidatura à presidência da Câmara – a eleição ocorreu na terça-feira, com vitória de Vanderlei Cavalcante da Silva, o Neycar (SD).

Ontem, aliás, foi aniversário de Chico do Judô. Ele completou 68 anos. (com informações de Daniel Tossato) 




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