Mais da metade da população brasileira recebe, mensalmente, o salário em espécie. O papel também é favorito para 77% dos brasileiros no pagamento de contas e compras de baixo valor. É o que demonstra estudo divulgado ontem pelo Banco Central com intuito de avaliar como o dinheiro é utilizado pela população.

Na lanchonete Novo Castelo, em Santo André, todos os funcionários recebem o pagamento em dinheiro. Eles fazem parte de 55% da população brasileira. “Aqui todos recebem dessa forma. É um hábito”, explica o proprietário, Michael Robson Paz.

De acordo com o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, João Sidney Figueiredo, em alguns setores da economia o uso do dinheiro em espécie é mais comum. Exemplos disso são a remuneração por serviços domésticos, pequenos comércios e mercado informal. “A estabilidade econômica e a redução dos juros contribuem para isso.”

Para 64% dos entrevistados pelo BC o gasto médio em espécie é de R$ 500 por mês. Em média, a população carrega nas bolsas e carteiras R$ 31, sendo que 35% das pessoas andam com até R$ 10. “Só ando com o dinheiro da condução porque é mais seguro”, conta a operadora de caixa, Sheila Coutinho da Silva, 29 anos. “E mesmo assim não coloco o dinheiro na carteira.”

No bolso de Michael, da lanchonete Novo Castelo, outra constatação: o dinheiro não está guardado dentro da carteira. “Deixo tudo amontoado no bolso”, conta. A falta de cuidado com os papéis não é uma preocupação. “Não ligo se está amassada”. Assim como ele, 27% das pessoas guardam o dinheiro no bolso, ante 63% que preferem as carteiras, número que aumentou dois pontos percentuais em comparação com a última pesquisa, de 2005.

A sorte de Michael é que 53% dos brasileiros aceitam notas em mau estado – em 2005, o número era de 47% – enquanto apenas 39% pedem a substituição do valor. “Não recuso nenhuma nota. Mesmo que ela esteja em péssimo estado consigo passar para frente ou trocar em algum banco”, explica a operadora de caixa, Vera Lúcia Cavazari.