Economia Titulo Mercado de trabalho
Desemprego cai com ajuda de autônomos

Em um ano, cresce em 19 mil total de profissionais
por conta, e taxa dos sem emprego recua a 12,2%

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/12/2015 | 07:00
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Marcos Santos/USP Imagens


Pelo terceiro mês seguido, cresceu o número de autônomos no Grande ABC, o que ajudou a reduzir o volume de desempregados. Pesquisa do Seade/Dieese (Sistema Estadual de Análise de Dados/Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que, em novembro, havia 204 mil profissionais atuando por conta nos sete municípios, 7.000 a mais que em outubro, quando já se observava aumento de 7.000 em relação a setembro. Em comparação a novembro de 2014, são 19 mil pessoas a mais. Ante os últimos 12 meses, diminuiu em 75 mil o número de empregados com carteira assinada e em 9.000 os sem registro.

Assalariado até maio deste ano, Henrique Almeida, 36 anos, morador de São Caetano, fazia auditoria de sistemas de informática para uma prestadora de serviços de TV a cabo. Porém, a filial da empresa em que ele trabalhava fechou, e ele se viu sem emprego. Sua opção foi buscar algo como autônomo. Ele conseguiu atuar como freelancer em companhia de engenharia, para ganhar 25% menos. “Dá para garantir, pelo menos, o Natal.”

A crise da economia no País tem forte relação com o aumento do número desses profissionais, aponta o economista do Dieese Thomas Jensen. Esse tipo de ocupação tem ajudado a conter a taxa de desemprego na região, que não disparou, apesar do cenário econômico turbulento deste ano. Em novembro, o percentual de desempregados ficou em 12,2% da PEA (População Economicamente Ativa, ou seja, do total de pessoas empregadas ou em busca de colocação), quase dois pontos percentuais mais que em novembro de 2014 (10,3%), porém, abaixo do observado em outubro deste ano (12,5%) – este é o terceiro mês de retração da taxa.

A queda no percentual de desempregados em relação ao mês anterior vem acompanhada de ampliação da PEA – 12 mil pessoas se incorporaram ao mercado de trabalho. A redução significativa (de 7%, para R$ 2.052) na renda média real (descontada a inflação) dos trabalhadores na região em outubro em comparação com 12 meses antes ajuda a explicar, pelo menos em parte, a entrada de mais gente à procura de vagas. A justificativa é simples: com o desemprego e a retração do rendimento familiar, jovens que dependiam dos pais, por exemplo, começam a trabalhar mais cedo.

Jensen aponta ainda que a renda menor também tem relação com a alta da inflação e a dificuldade dos sindicatos em conseguir aumentos reais neste ano. Além disso, medidas como o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que permitem às empresas reduzirem em até 30% a jornada e os salários – com a metade da diminuição coberta pelo governo com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – também colaborou para isso.

Em termos setoriais, o comércio reagiu em novembro, com a abertura de 33 mil postos nos últimos 12 meses (não só assalariados com carteira, mas também sem registro e autônomos). Passou a ter 231 mil, maior patamar desde junho de 2011. Isso pode ser atribuído, em parte, à inauguração de supermercados – foram dez ao longo deste ano (como filiais do Hirota, Seta Atacadista e Sonda, entre outras) na região, cita a analista do Seade Leila Luiza Gonzaga. Por sua vez, a indústria perdeu 48 mil vagas desde novembro de 2014, mas abriu 3.000 postos no mês passado. Para Jensen, o PPE foi fundamental para impedir a disparada do desemprego no setor industrial no segundo semestre. 




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