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Presos no mesmo dia, Atila e Prócida têm destinos distintos

Prefeito afastado de Mauá vê Legislativo blindá-lo; Câmara de Mongaguá dá prosseguimento à cassação

Raphael Rocha
do Diário do Grande ABC
01/07/2018 | 07:15
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Nario Barbosa/DGABC


Os prefeitos de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), e de Mongaguá, Artur Parada Prócida (PSDB), têm um ponto em comum: foram presos no mesmo dia, no âmbito da Operação Prato Feito, conduzida pela PF (Polícia Federal) e que investigava suspeita de desvio de dinheiro em contratos de fornecimento de merenda e entrega de uniforme escolar. Mas os destinos políticos correm em pistas bastante distintas.

Enquanto Atila Jacomussi conta com apoio da Câmara,presidida por seu pai, Admir Jacomussi (PRP), para evitar qualquer movimento a favor de seu impeachment, Prócida viu o Legislativo agir rapidamente para tirar seu poder. Preso na penitenciária de Tremembé – onde Atila também ficou, até ser solto, dia 15, por ordem do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) –, o tucano soube que a Casa local deu prosseguimento a quatro pedidos de cassação.

Na casa de Prócida, a PF encontrou R$ 4,6 milhões e US$ 217 mil, em espécie, escondidos. O tucano alegou que o dinheiro era sobra de campanha, o que não convenceu os policiais nem a Justiça, que decretou sua prisão preventiva (sem prazo). Além disso, Prócida responde a uma acusação formal de lavagem de dinheiro, assim como Atila e o ex-secretário de Governo de Mauá João Gaspar (PCdoB) – na residência do socialista foram achados R$ 85 mil e na do ex-secretário, outros R$ 588,4 mil, tudo em espécie.

Outra diferença sobre os dois. Prócida, detido, teria de ser substituído por seu vice, Márcio Melo Gomes (PSDB), conhecido como Márcio Cabeça. Porém, a 1ª Vara Federal Criminal, do Júri das Execuções Penais de São Paulo, determinou o afastamento de Márcio Cabeça por, segundo o MPF (Ministério Público Federal) e a PF, integrar esquema criminoso que fraudava contratos da merenda escolar. Em Mauá, a vice-prefeita Alaíde Damo (MDB) tomou posse como prefeita em exercício, prometendo fidelidade, mas age fortemente nos bastidores para minar o grupo do socialista.

Em Mongaguá, o presidente da Câmara, Rodrigo Cardoso Biagioni (PSDB), conhecido como Rodrigo Casa Branca, foi empossado prefeito interino. Fontes ouvidas pelo Diário da cidade do Litoral de São Paulo dizem que Rodrigo tem tocado a administração sem se vincular com ações de Prócida ou Márcio Cabeça. Em seu lugar no Legislativo está Carlos Silva Santos Neto, o Carlão da Imobiliária (PDT).

O grupo ligado o chefe do Executivo em exercício vislumbra a possibilidade de cassação da dupla, o que forçaria o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) a convocar novas eleições. No entanto, decisão do STF promete tumultuar o cenário. Ontem, o ministro Gilmar Mendes determinou que Márcio Cabeça seja reconduzido ao cargo.

Prócida foi reeleito em outubro de 2016 e exercia seu quinto mandato à frente da prefeitura de Mongaguá. Venceu o pleito na cidade de 43 mil eleitores contra Rafael Redó (DEM) com 38,4% dos votos válidos – o democrata atingiu 29,7%. O tucano se elegeu a primeira vez em 1992. Retornou ao cargo em 2000, 2004, 2012 e 2016.

Para se ter uma ideia do tamanho do poder político que Prócida tinha no município, em novembro, os vereadores da cidade decidiram dar ao político o título de “prefeito eterno” de Mongaguá. A honraria foi dada ao tucano em sessão solene realizada em dezembro daquele ano. “Ele já foi eleito cinco vezes e isso ficará para a eternidade. Ele tem todas as contas aprovadas, 90% do que tem na cidade foi ele quem construiu. Eu acho uma homenagem justa”, afirmou o vereador José Pedro Faccina (PPS), autor da proposta do título a Prócida, em entrevista ao portal G1.

Segundo a Câmara de Mongaguá, quatro processos de cassação de Prócida e Márcio Cabeça tramitam – um deles, aliás, com abaixo-assinado rubricado por 3.000 pessoas. Duas denúncias foram acatadas no dia 21 de maio e seus trâmites vão até o dia 21 de agosto. Uma acusação foi aceita no dia 28 de maio. A quarta, no dia 4 de julho. “Os processos estão tramitando e os réus estão sendo citados.”

No caso de Atila, os dois processos de impeachment foram rejeitados pela Casa. O diretório do PT em Mauá ingressou com mandado de segurança por vacância do cargo, o que é analisado pela Justiça. 




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