Confrontado com os pedidos da comunidade internacional para que haja uma negociaçao, Moscou, no momento, mantém uma posiçao ambígua. De fato, o Kremlin se declara disposto a iniciar ``diálogo político', ao mesmo tempo que afirma que as conversaçoes com o presidente separatista, Aslan Masjadov, seriam inúteis porque ``ele nao controla a situaçao em sua própria república'.
Apesar da fadiga e da doença, o próprio Boris Yeltsin irá a Istambul para enfrentar os ocidentais. ``Ninguém tem o direito de acusar a India', reclamou Yeltsin nesta segunda-feira.
A delegaçao russa vai apresentar dois argumentos, repetidos em várias oportunidades desde o início da guerra, em 5 de setembro. O primeiro que afirma a realizaçao de uma operaçao antiterrorista na Chechênia, por parte do exército russo.
Desde o término da guerra de 1994-1996, a Chechênia se converteu numa zona onde nao imperava a lei, onde os bandos armados proliferaram sem controle, na maioria dos casos dirigidos por chefes de guerra islamitas, que, financiados no exterior, atacaram duas vezes a república do Daguestao e depois se voltaram para a Chechênia.
Os ``bandidos chechenos', como definidos pela imprensa russa, sao responsáveis pelos atentados que causaram 298 mortos na Rússia, em agosto e setembro, e pelas centenas de seqüestros e execuçoes de reféns russs e estrangeiros. Um fracasso da operaçao russa na Chechênia, segundo o ministro da Defesa Igor Sergueiev ocasionaria uma ``explosao do terrorismo muçulmano' no mundo.
Já o segundo argumento, defende que a questao chechena é um assunto interno russo. O ministro das Relaçoes Exteriores, Igor Ivanov, rejeitou formalmente, em 12 de novembro, uma proposta de mediaçao da OSCE no conflito. Quanto a isso, a comunidade internacional reconhece que a Chechênia é uma parte integrante da Federaçao da Rússia, mas acusa o exército russo de violar as convençoes internacionais e as leis da guerra ao bombardear civis.
Diante dessas críticas, a Rússia nao tem muitos argumentos e os dirigentes moscovitas, no geral, se limitam a responder que ``a situaçao dos refugiados está controlada' e que o ``exército faz todo o possível para evitar mais vítimas civis', sem convencer ninguém.
Ante estas pressoes externas, os dirigentes russos podem recorrer ao apoio de uma opiniao pública russa traumatizada pelos atentados de agosto e setembro e marcada por uma longa tradiçao de hostilidades em relaçao aos chechenos.
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