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Fábricas de pneus ‘abrem’ o caixa
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/12/2004 | 12:45
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Com o aquecimento da produção automobilística nacional, que neste ano atingirá o recorde histórico de 2,2 milhões de veículos, as fabricantes de pneus Pirelli e Bridgestone-Firestone, com sedes em Santo André, atingiram o limite de utilização da capacidade produtiva. Por conta disso, as duas companhias fazem investimentos para se ajustar à forte demanda.

A Pirelli, que inaugurou ampliação da fábrica de Gravataí (RS), investe até o final de 2005 no Grande ABC US$ 30 milhões para expandir em 9% a capacidade de fabricação e para o lançamento de linha de pneus de alta performance. Já a Bridgestone-Firestone informou que planeja aplicar no país US$ 50 milhões nos próximos dois anos em ampliação, modernização de processos, padronização da rede de revendas e ações de fortalecimento da marca. Há informações, não confirmadas pela companhia americana, de que a Firestone abriria unidade fabril em Camaçari (BA) em 2005.

Se a empresa abrir filial na Bahia, seguirá os passos da Pirelli, que em 2003 investiu US$ 180 milhões para produzir 2,5 mil pneus por dia em Feira de Santana, com o apelo de incentivos fiscais do governo baiano e pela proximidade da Ford Camaçari e do porto de Salvador.

Atualmente, com uma produção diária em Santo André de cerca de 3,6 mil pneus radiais de caminhões – principal item da planta fabril –, e no limite da capacidade instalada, a fábrica da Pirelli vai ter crescimento da capacidade produtiva e receberá maquinários que vão incorporar tecnologia vinda da matriz para a fabricação de pneus de caminhões e ônibus de longa distância com alta performance. “Será a única fábrica com desenvolvimento que ocorrerá ao mesmo tempo de Milão (sede mundial)”, diz o diretor da unidade de negócios de pneus de caminhões e ônibus, Nicola Tommasini.

O executivo da Pirelli ressalta que Santo André é o berço da empresa no Brasil e não poderia ser esquecida na programação de investimentos. A chegada de tecnologia de última geração vai possibilitar boa performance de vendas no país e no exterior. Já a unidade de Gravataí (RS), que recebe aporte de R$ 116 milhões para produzir mil pneus para caminhões e ônibus por dia a partir de final de 2005, é voltada ao mercado nacional.

As exportações correspondem a 20% da produção da companhia. A planta do município teve neste ano crescimento de 20% na produção e gerou 400 empregos – atualmente são 2 mil funcionários na unidade.

Contratações – O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Borracha da Grande São Paulo, Terezinho Martins, afirmou que o ano foi bastante positivo para a categoria, já que diversas empresas contrataram em 2004. A Bridgestone-Firestone, uma das exceções, não fez contratações expressivas neste ano porque já havia contratado quase 400 pessoas em 2003 para a fábrica de Santo André, que tem 3,5 mil funcionários.

Segundo Martins, durante o período de dissídio, em junho, o sindicato teve a preocupação de flexibilizar a negociação com as empresas para garantir a abertura de postos de trabalho. “Fechamos acordos de contratos temporários por tempo determinado.” Os temporários garantiram custos menores às empresas, já que para estes as companhias não precisariam pagar PLR (Participação nos Lucros e Resultados) nem 14º salário (que a Pirelli oferece aos efetivos). Mas o dirigente destaca que já houve efetivações.

Mercado total – Segundo dados da Anip (Associação Nacional das Indústrias Fabricantes de Pneumáticos), o setor brasileiro deverá fechar o ano com crescimento da produção de 4% a 5%. Dessa forma, chegará a 52 milhões de unidades produzidas, ante 49,2 milhões em 2003.

Segundo o diretor geral da entidade, Vilien Soares, a principal razão desse crescimento foi o aumento da produção automobilística brasileira – que deve fechar o ano com 2,2 milhões de unidades produzidas, 20% a mais que em 2003 –, que representou 25,1% da destinação da indústria de pneus em 2004.

O fornecimento para o mercado de reposição, que também é influenciado pela produção automotiva, respondeu neste ano por 43,6% das vendas do setor, e a exportação, 31,3%. Para 2005, a expectativa é que o setor cresça 6%, alcançando 55 milhões de pneus produzidos. A Anip acredita que esse aumento possa acontecer em decorrência da indústria automotiva, segundo Soares.

“Estamos acompanhando muito de perto a cadeia automotiva, nos esforçando em atender sua demanda da melhor maneira e nos planejando em função disso. Em 2004, foi o crescimento dessa indústria que acarretou a alta na indústria de pneus. Esperamos o mesmo para 2005.”



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