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Igrejas seguem vazias mesmo com autorização para celebrações

Maioria das missas não atinge capacidade de 30%; pandemia ensina a valorizar o próximo

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
16/08/2020 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A Igreja Católica foi autorizada a retomar as celebrações presenciais em junho, com frequência variável conforme a localidade e o espaço físico disponível. Os templos devem adotar todas as medidas de prevenção ao novo coronavírus, como limpeza frequente, disponibilização de álcool em gel e obrigatoriedade do uso de máscara. Além disso, a recomendação é que pessoas do grupo de risco fiquem em casa. Apenas 30% da capacidade total pode estar preenchida,contudo, as vagas disponibilizadas para cada missa não estão sendo ocupadas.

Na avaliação da Diocese de Santo André, responsável pelas paróquias da região, a experiência tem mostrado que as pessoas ainda preferem ficar em casa e participar de celebrações on-line, que continuam. Padre da paróquia Imaculada Conceição, a Matriz de Mauá, Cláudio Tafarelo relatou que dos 600 lugares disponíveis na igreja, apenas 145 podem ser ocupados para evitar aglomeração. Porém, o recorde de fiéis em uma celebração após a retomada foi de 130.

Ainda que algumas igrejas tenham optado por fazer o pré-cadastro dos interessados a comparecer nos atos litúrgicos, a Matriz decidiu por acomodar as pessoas conforme a ordem de chegada. “O pessoal já sabe que quando atinge o número, fechamos o portão. Pensamos em fazer ficha ou controle on-line, mas se impormos este sistema, seria uma movimentação de cerca de 800 pessoas durante a semana ligando ou vindo até aqui, fora aqueles que não têm acesso à internet”, explicou Tafarelo.

O pároco analisa que a pandemia ensinou as pessoas a valorizar o próximo e a serem ‘igreja em casa’, ou seja, a orarem em seus lares. “Realmente o que move o pessoal a vir é a necessidade de comungar, de participar. Via internet, tem participação, mas as pessoas sentem falta do presencial. Quando o fiel vem (à igreja) depois de um longo período, ele fica emocionado e isso é o mais forte, é uma necessidade espiritual receber a comunhão e participar efetivamente”, contou.

Como padre, Tafarelo afirmou que celebrar sem a presença da comunidade foi experiência complicada. “Requer esforço para trazer o povo de coração. O processo mais difícil foi celebrar sem a presença de fiéis. A Semana Santa foi muito difícil, nunca imaginei que faria celebrações totalmente on-line. Aqui (na Igreja Imaculada Conceição), tínhamos um movimento de 2.000, 3.000 pessoas por fim de semana. Nós e a comunidade ansiamos por isso”, assinalou. “Mesmo não podendo cumprimentar, dar um abraço, é uma alegria encontrar o outro. A pandemia nos ensinou a valorizar os irmãos.”

Embora não estime valores, a Diocese de Santo André apontou que o cenário econômico do País refletiu na arrecadação financeira das paróquias, “fator este que não irá mudar independentemente da reabertura gradual das igrejas ou não, pois mesmo no período que estavam fechadas, as pessoas que podiam contribuir o faziam”. Por este motivo, a reabertura não deve mudar o cenário financeiro, já que o “aspecto conjuntural é muito mais amplo do que o cenário religioso em si”.

Região tem ao menos 5 padres com Covid
Segundo a CNP (Comissão Nacional de Presbíteros), vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a Diocese de Santo André, responsável pela região, registra ao menos cinco casos confirmados de Covid-19 entre os padres diocesanos. O balanço é de 31 de julho e, questionada pela equipe de reportagem do Diário, a Diocese não informou dados atualizados.

Embora o levantamento não aponte nenhum óbito de clérigos em razão da pandemia na região, o padre mais velho da Diocese de Santo André, José Raschele, morreu aos 96 anos, vítima de complicações da Covid no dia 31 de julho. Ele nasceu em Mori, pequena comunidade na província de Trento, ao Norte da Itália. Em 1958, foi como missionário da congregação dos padres saletinos à Argentina e, em 1959, chegou ao Brasil.

Entrou na Diocese andreense a convite do padre Erwin Kauffmann, suíço, para passar temporada na paróquia São Sebastião, em Rio Grande da Serra, e se tornou diocesano em 7 de janeiro de 1965. Em 9 de fevereiro de 1968, foi nomeado ecônomo da Paróquia Sant’Ana, em Ribeirão Pires, função que exerceu até 2011.
<EM>Em Ribeirão Pires, padre José Raschele colaborou na manutenção e criação de diversas igrejas, tais como Sant’Ana, São Francisco de Assis, Santa Rita, Sagrado Coração de Jesus, Santa Luzia e Nossa Senhora Aparecida da Quarta Divisão.




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