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Sem manutenção, árvores se tornam ameaça na região

Chegada do período chuvoso do ano coloca população em alerta para risco de tragédias devido à queda dos exemplares

Por Matheus Angioleto
Especial para o Diário
25/10/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 À medida em que se aproxima o período mais chuvoso do ano, a população, bem como o poder público são obrigados a ligar o sinal de alerta para a ocorrência de acidentes e possíveis tragédias resultantes da queda de árvores. A preocupação é justificada pela situação dos exemplares arbóreos da região, que apresentam problemas diversos, como estrutura doente e danificada, galhos em meio à fiação, e raízes que avançam sobre as calçadas.

A equipe do Diário percorreu o Grande ABC e observou problemas nas cidades de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá. Entre as principais reclamações de moradores estão pedidos atrasados para a poda dos exemplares.

Árvore localizada na Rua Dinamarca, no bairro Taboão, em São Bernardo, é exemplo de problema que tira o sono da instrumentadora cirúrgica Claudia Fukuda Ogata, 45 anos. Moradora do endereço há 42 anos, ela relata que contata a AES Eletropaulo e a Prefeitura há um ano para que a poda do vegetal seja realizada, sem sucesso. O receio é o de que os galhos, que já estão inclinados em direção às residências e em meio à fiação, cedam à pressão dos temporais e caiam. “Também há a queda de energia. Já viram que ela está condenada, mas ninguém toma providência”, reclama.

No mesmo bairro, mas no município de Diadema, a oficial administrativa aposentada Edith de Lima, 61, chama atenção para árvore com erva de passarinho – parasita transmitido por meio de excremento de pássaros –, e que tem galhos inclinados em direção às casas. “Se a árvore cai, o prejuízo é nosso. A árvore está doente, então é preciso tomar providências”, ressalta.

Em Mauá, na Rua dos Bandeirantes, na Vila Bocaina, três árvores merecem atenção especial. Duas delas têm galhos entrelaçados à fiação e outra conta com erva de passarinho. “Precisam arrumar isso, porque vai cair nas casas. Essa erva é ruim porque vai comendo a árvore por dentro, então é necessário cuidar”, destaca a aposentada da indústria Neusa Aparecida Ridolfi, 70.

Na Avenida Tibiriçá, Vila Homero Thon, em Santo André, o advogado aposentado Walter Tonelatto, 82, pede cuidado para árvores que ele viu serem plantadas, na década de 1970. “É só chover que os galhos caem. O problema é o estrago que pode ser feito se cair em uma das casas.”

 

TRAGÉDIAS

A preocupação dos moradores da região tem um porquê. A queda de árvores já causou diversos transtornos nos últimos anos. O mais grave deles ocorreu em 2011, quando galho de figueira centenária caiu sobre uma mulher e a vitimou fatalmente. No entanto, casos recentes também foram observados: no dia 13, vegetal de grande porte cedeu devido à forte chuva e atingiu três carros que estavam estacionados na Rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo.

A bióloga da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes defende a manutenção periódica para evitar tragédias. “Normalmente as podas são feitas duas vezes por ano. É possível fazer censo de quais tipos de árvore estão presentes em cada rua para elaborar roteiro.”

Para o professor do departamento de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Mario Kawano, é possível usar a previsão do tempo para antecipar problemas. “Deveria ter manutenção e observação mais cuidadosa com fatores como a erva de passarinho, por exemplo, que afeta e mata a árvore”, relata.

 

Prefeituras não atendem demanda por poda

Questionadas sobre os problemas, as administrações destacaram o trabalho de poda realizado durante o ano. No entanto, é possível observar que o serviço não dá conta da demanda.

Em Santo André, por exemplo, foram feitas 8.439 manutenções, no entanto, a cidade tem 77 mil árvores. O município ressaltou que há grupo de trabalho para discussão do plano de arborização urbana.

São Bernardo possui 250 mil árvores, sendo 20 mil mudas nativas da Mata Atlântica. Em 2017, foram 10.917 exemplares plantados para compensação ambiental, além de 180 autorizações de supressão feitas.

Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) ressaltou que a cidade conta com 28 mil árvores, sendo que neste ano houve retirada de 180. O plantio chegou a 353. Já Mauá ressaltou que fez poda em 50 bairros neste ano.

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC ressaltou que, em novembro de 2016, promoveu treinamento regional para prevenção e ações relacionadas aos riscos de árvores urbanas.

A AES Eletropaulo, por sua vez, diz que investiu R$ 1,22 milhão em podas no primeiro semestre. Foram realizadas 11 mil manutenções.

 

 




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