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Conversão ecológica
Por Do Diário do Grande ABC
02/10/2017 | 07:00
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Impressiona a foto da Represa Billings publicada neste Diário de domingo passado (24 de setembro). Nela aparece o espelho d’água de um lado da Via Anchieta azul; do outro, a cor escurecida, devido ao despejo do esgoto in natura. Aplaudimos esta série de reportagens da maior importância e feita com competência. É um alerta diante dos ataques à natureza com suas consequências: Deus perdoa sempre, o homem muitas vezes; mas a natureza, nunca!

E pensar que é desta represa que se leva água para grande número de pessoas. A despoluição, o saneamento destas águas, é uma urgência de nossa região. É uma questão que afeta a todos, pobres e ricos, não só um grupo ou outro de pessoas. A destruição da floresta no entorno da represa diminui a capacidade de reserva de água e destrói a Mata Atlântica. No Grande ABC a vida está ameaçada devido à destruição lenta do ecossistema, expressa, entre tantas formas, pela poluição atmosférica e pela carência de saneamento básico.

Diante disto é necessária uma ‘conversão ecológica’, como propõe o papa Francisco na encíclica Laudato si’ (Louvado sejas), cujo tema é a ecologia. Um chamado à conversão interior no sentido de viver a fé em Deus, que é Criador e doador de todos os dons da natureza. “Os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornam tão amplos no coração humano.” Desertos provocados pela ganância e consumismo que não temem em destruir a natureza.

O ser humano não pode depredar a natureza, devastá-la. A missão do ser humano é ser o guardião da obra de Deus, fazendo com que todos possam participar da beleza e dos dons da criação, a qual é confiada aos cuidados de todos.

São Francisco propõe um sadio relacionamento com a natureza como forma de vida equilibrada e feliz. Ele louva a Deus pelos dons da criação, como expressa no famoso Cântico das Criaturas. O papa Francisco propõe o combate ao consumismo como provocador de esgotamento dos recursos da natureza. Propõe ações não só individuais, mas também comunitárias e governamentais a fim de vencer a crise ecológica atual.

O acesso a água potável é direito humano essencial e determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. A escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos, a vida estará ameaçada e os primeiros a sentirem estes sintomas são os pobres. Mas quando perdemos a natureza, todos nós somos pobres. É necessário ouvir o apelo do papa Francisco, que pede ‘conversão ecológica’, enquanto ainda é tempo.

Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.
 




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