Eucalipto de cerca de 20 metros caiu sobre o barraco de três cômodos no Núcleo Haras, localizado na Chácara Baronesa, divisa entre Santo André e São Bernardo, ontem pela manhã, por volta das 11h30. Chovia na hora. A dona de casa Maria Aparecida Correa de Souza, 69 anos, foi atingida na cabeça e socorrida pelos vizinhos, que a levaram para a Unidade de Pronto Atendimento Baeta Neves - o quadro clínico era estável.

Apesar da destruição total do imóvel, a réplica do quadro A Última Ceia, obra de Leonardo Da Vinci, permaneceu firme e intacta em uma das paredes de madeirite da humilde casa.

Na volta da unidade de Saúde, Alice Correa de Souza, 60, irmã de Maria Aparecida e que também estava no barraco na hora do acidente, agradeceu por nada de mais grave ter ocorrido. "O Sagrado Coração de Jesus colocou a mão", afirmou a paranaense, católica fervorosa, e moradora no local há cerca de 17 anos. Sem nenhum arranhão no corpo nem no rosto, Alice teve apenas os óculos quebrados.

Em área de risco, o imóvel das duas irmãs ficava exatamente na beira do Córrego Taioca, assim como tantos outros existentes no local. Alice contou que havia acabado de fazer o arroz para almoçar. "Fui olhar na janela da cozinha, como estou acostumada. Ouvi um barulho que parecia de avião. Comentei até com a Maria Aparecida. Foi quando as telhas começaram a quebrar por cima da gente e a árvore veio junto. De repente, vi minha irmã caída no chão e cheia de sangue."

Embora o núcleo esteja no município de Santo André, a maioria dos moradores utiliza os serviços de Saúde em São Bernardo. A Prefeitura informou que Maria Aparecida passaria por exames de tomografia no Pronto-Socorro Central, mas em seguida retornaria para a UPA.

A área foi interditada pela Defesa Civil. O engenheiro Irton Teixeira Cardoso, da Prefeitura de Santo André e que percorre as 140 favelas da cidade, informou que a família será enviada para a locação social. Os valores variam entre R$ 125 e R$ 380. O técnico afirmou que outras árvores estão com risco de queda. Em torno de 450 famílias, que representam 2.500 pessoas, ocupam ilegalmente a área verde, com vegetação da mata nativa. Em 1989, a Chácara Baronesa foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio, Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.