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Estudo garante prótese de joelho para mulheres

Grupo será monitorado durante dois anos pela FMABC

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
12/11/2012 | 07:00
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A fase ainda é de testes, mas o otimismo é grande. Dez pacientes do Grande ABC que possuem alto nível de desgaste nos ossos receberam neste ano uma prótese de joelho produzida especificamente para as mulheres. Fabricada nos Estados Unidos pela empresa Zimmer, a tecnologia chega à região em parceria com a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que selecionou as pacientes no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

Para efeito de comparação, outras dez mulheres receberam a prótese unissex, comumente utilizada em homens e mulheres. Juntas, serão acompanhadas por médicos durante dois anos em consultas trimestrais. A novidade chegou ao Brasil no começo do ano e é utilizada de forma inédita na rede pública.

De acordo com José Luiz Colleoni, chefe do grupo de joelho da FMABC no Ambulatório de Ortopedia do Hospital Mário Covas, ainda é cedo para fazer avaliações em longo prazo, mas a expectativa de sucesso é grande. As diferenças em relação à prótese já utilizada na medicina representam, além do maior conforto, aumento nas chances de sucesso no período pós-operatório e da flexibilidade. "Esse modelo tem detalhes anatômicos que permitem acomodação mais perfeita e provoca menos incômodo. Além disso, a indústria sempre está aperfeiçoando a tecnologia para diminuir os índices de rejeição depois do procedimento", explica Colleoni. As próteses são adaptadas às especificidades das mulheres, que têm alinhamento e largura do fêmur diferentes do homem.

Os problemas de desgaste ósseo e doenças como osteoporose e artrose geralmente acometem mulheres acima de 60 anos. A recomendação da colocação da prótese é dada em último caso. Pacientes geralmente controlam dores e demais limitações com remédios, fisioterapia, uso de bengalas e andadores. Quando a mobilidade é totalmente reduzida e nenhum recurso surte efeito, é indicada o implante da prótese. Segundo Colleoni, estudo recente sobre artrose de joelho indica que, em 2020, pelo menos 1,5 milhão de americanos terão indicação do implante e 20 milhões de europeus terão a doença.

A doença é classificada como primária quando há degeneração da articulação por conta da idade, e secundária, decorrente de traumatismos graves, como acidentes, infecções e reumatismos.

A pesquisa da FMABC começou a ser feita em março, quando as intervenções nas pacientes tiveram início. Atualmente a prótese passa por estudos experimentais em todo o mundo.


‘Aceitei na hora', diz paciente com artrose

O período mais difícil enfrentado pela dona de casa Maria Celeste Lopes, 68 anos, foi entre janeiro e abril deste ano. Com os movimentos da perna direita completamente comprometidos pela artrose de grau elevado, a paciente teve de recorrer à cadeira de rodas.

Antes disso, foram 18 meses de fisioterapia intensa para tentar restabelecer o osso que, aos poucos, esfarelou-se pela deficiência de cálcio. Dona Celeste realizava tratamento no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, quando foi convidada a participar da experiência. "Me perguntaram se poderia ser cobaia. Aceitei na hora! Era horrível, parei de andar e sentia muitas dores. Não tinha mais opção", conta.

A privação dos serviços diários foi o que mais incomodou a paciente. Antes ativa, teve de se acostumar com a ociosidade. Atividades como cozinhar, cuidar do jardim e lavar a louça foram limadas da rotina. Mesmo assim, aos fins de semana familiares a levavam para passear. "Minha filha me colocava no carro e saíamos. Tive todo apoio da minha família."

Para felicidade de Dona Celeste, um mês depois da cirurgia - realizada em abril - praticamente todos os afazeres domésticos foram reassumidos. O resultado foi sentido já nas primeiras semanas e as dores cessaram. Apenas o uso do andador foi preciso para manter o equilíbrio e auxiliar na locomoção. "A recuperação foi ótima e me adaptei bem à prótese. Me sinto perfeita." A próxima consulta com o especialista para acompanhar a evolução do quatro está marcada para janeiro.




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