Política Titulo Setor machista
Região teve 23% de candidatas com menos de 10 votos em 2016

De 978 mulheres que concorreram aos Legislativos, apenas quatro foram eleitas diretamente

Por Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
19/03/2017 | 07:00
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Montagem/DGABC


Nas eleições de 2016, 231 das 978 mulheres candidatas a vereadora no Grande ABC tiveram menos de dez votos, o que corresponde a 26,3% do universo de postulantes femininas. As informações constam no ranking de presença feminina no Parlamento, elaborado pelo PMI (Projeto Mulheres Inspiradoras). O levantamento mostra também que 60 candidatas não receberam um único voto, o que corresponde a 6,13% do total.

A pesquisa revelou que, no ranking estadual, a cidade da região melhor colocada foi Santo André, que está na 389ª posição no Estado e em 15ª na Região Metropolitana de São Paulo. O município conta duas vereadoras: Elian Santana (SD) e Bete Siraque (PT).

Na opinião de Bete, os partidos precisam estimular a participação feminina nos processos de decisão. “Precisamos fortalecer as candidaturas, para que cada vez mais mulheres tenham interesse em participar e levar a vida em cargos eletivos. O envolvimento feminino precisa deste apoio. Muitas legendas colocam mulheres somente para cumprir a legislação e não as prepara no sentido da formação política”, lamentou a parlamentar.

Na sequência do ranking veio São Caetano, que atingiu a 466ª posição no Estado e a 10ª em representatividade na Grande São Paulo. Em 2016, as mulheres do município obtiveram 12 mil votos válidos. Na Câmara da cidade, apenas Sueli Nogueira (PMDB) exerce mandato.

Por sua vez, São Bernardo ficou na 487ª colocação e no ano passado, a votação das mulheres chegou a 47 mil votos. O Legislativo do município possui duas vereadoras, Ana Nice Martins (PT) e Lia Duarte (PSDB), mas a tucana exerce a função na condição de suplente e não foi eleita diretamente. Por outro lado, 14 mulheres que foram candidatas tiveram até dez votos nominais e, dessas, três postulantes não tiveram nenhum voto.

As cidades de Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não possuem vereadoras e ficaram abaixo da posição 500ª no ranking.

Conforme a pesquisa do PMI, no Estado de São Paulo, apenas quatro mulheres foram eleitas a cada 100 mil habitantes.

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, a participação feminina na política depende de fatores culturais. “Apesar de a mulher ocupar cada vez mais destaque na sociedade, sua presença no meio político ainda é restrita. Muitas delas acabam desestimuladas a participar do processo, que quase sempre é visto como uma coisa errada. O estímulo para isso precisa vir da sociedade, já que os partidos pouco se interessam por essa transformação”, ponderou.

Para Marlene Campos Machado, diretora-executiva do PMI, “o sistema político precisa passar por uma reforma estrutural que favoreça, em geral, a inserção novas lideranças, qualificadas e vocacionadas ao serviço público”. “A mulher precisa deixar de ser vista apenas como uma cota”, destacou. 




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