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USFs abandonadas geram transtornos para moradores de Santo André

Equipamentos têm sido alvo de vandalismo; Paço não tem prazo para regularizar situação

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
19/02/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O que era para ser solução para os moradores dos bairros Jardim Irene e Sítio dos Vianas, em Santo André, transformou-se em motivo de dor de cabeça para quem vive ali. Isso porque, obras para construção de duas USFs (Unidades de Saúde da Família) nas áreas estão em total estado de abandono. Sem qualquer controle por parte da Prefeitura, ambas tornaram-se palco de vandalismo, o que tem causado insegurança para a população vizinha.

Iniciadas ainda na gestão do ex-prefeito Aidan Ravin (PSB), as intervenções seguem no aguardo de definição, por parte do novo governo, chefiado pelo prefeito Paulo Serra (PSDB), sobre o futuro de suas construções.

O caso mais complexo encontra-se na USF Sítio dos Vianas. O espaço, que chegou ser finalizado ainda na gestão do ex-prefeito Aidan Ravin, nunca chegou a ser aberto à população. A justificativa dada pelo Paço é a de que não há condições de operar uma unidade de Saúde no local, por questões de acessibilidade e sanitárias.

“Como eles podem gastar uma fortuna para uma coisa que a gente tanto precisa e deixar o equipamento chegar nesse estado deplorável? É difícil de entender”, relata a dona de casa Ruth Tomaz, 33 anos, vizinha da área abandonada.

O local, que logo após ser finalizado teve equipamentos roubados, segundo moradores, tornou-se área de descarte irregular de lixo. O prédio todo pichado dá sinais de falta de manutenção. Sem qualquer segurança na área, o ponto tem sido utilizado por jovens para consumo de entorpecentes. “É todo dia um grupo novo usando drogas”, desabafa uma moradora, que não quis se identificar.

O Ministério Público chegou a formalizar ofício à Prefeitura de Santo André, na gestão passada, para que fossem adotadas providências necessárias em relação à conservação do espaço. Procurado pelo Diário, o órgão não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta edição. A estimativa é de que a obra tenha recebido investimento de R$ 1 milhão na construção, custeada essencialmente com recursos do Tesouro da cidade.

De acordo com a atual administração, as condições não favoráveis do espaço para receber atendimentos de um equipamento de Saúde fez com que o governo iniciasse um debate junto à comunidade para destinar o prédio para abrigar novo serviço público. Para isso, a Prefeitura fará “uma consulta à população do entorno e região para definir projeto de acordo com a disponibilidade orçamentária e expectativa dos moradores do bairro”. Em sondagens preliminares apareceram sugestões como Centro Cultural ou unidade de capacitação profissional para jovens e adultos. Não há previsão para definição do tema.

Com custo estimado em R$ 1,5 milhão, a construção da USF Jardim Irene, também localizada em área carente do município, é outra que está completamente abandonada.

Com previsão de término para maio de 2015, o equipamento teve as obras paralisadas no ano passado. A expectativa era a de que a unidade contasse com três equipes, cada uma responsável por atender, no máximo, 4.000 pessoas.

“Já estava com ritmo lento. Agora, desde quando eles pararam, que não tenho mais esperança mesmo de ela ficar pronta”, desabafa o pedreiro Roberval Nunes, 47.

A construção, que teve seu esqueleto finalizado e estava na dependência somente da conclusão do acabamento, tem causado transtornos para os moradores.

“Eles colocaram esse tapume, mas muita gente invade a obra. De noite preciso ligar para meu marido me pegar no ponto por medo de alguém estar escondido”, afirma a operadora de caixa Renata Albuquerque Dias, 26.

A Prefeitura confirmou a paralisação da obra, sem especificar o motivo, e informou que desde o início do atual governo “foi criada uma comissão, responsável pela revisão dos contratos do Executivo, para diagnóstico das obras paradas e as providências necessárias para a retomada das mesmas”. No entanto, não foi dado prazo para retomada da construção da USF Jardim Irene.

 




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