O programa Encontro Feliz, da Prefeitura do Guarujá, criado para cuidar de crianças que se perderam dos pais nas praias da cidade, constatou que 80% dos atendimentos aos perdidos são de famílias originárias do Grande ABC ou da cidade de São Paulo. A quantidade de turistas vindos dessas áreas para o município da Baixada Santista corresponde a 50% do total de pessoas que Guarujá recebe no verão.

Guarujá recebe cerca de 150 mil moradores do Grande ABC durante a temporada de verão, de acordo com a Secretaria de Turismo da cidade.

Ao todo, um milhão de pessoas. Metade dos visitantes é da Grande São Paulo. Os turistas do Grande ABC passam, em média, mais de uma semana na cidade, o que aumenta as chances das crianças se perderam na faixa de areia. Por isso o atendimento tão elevado de moradores da região, de acordo com a Prefeitura.

O Encontro Feliz é um programa planejado para entreter as crianças perdidas enquanto os pais não são localizados. Duas tendas, uma na praia de Pitangueiras e outra na Enseada, foram equipadas com brinquedos, parquinho e materiais para atividades recreativas, como colorir. A idéia é que elas se acalmem enquanto não acham seus pais.

Enquanto os pequenos perdidos ficam brincando nas tendas, uma equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) do Guarujá procura pelos pais da criança. Os guardas, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, os salva-vidas e os comerciantes das praias têm orientação de levar as crianças até as tendas. Ano passado, o programa registrou 200 atendimentos a perdidos. A faixa etária de maior risco é a entre os 6 e 9 anos. O projeto vai durar até o fim de fevereiro.

A pedagoga Michele Cicconi, coordenadora do programa, explica que não é fácil distrair as crianças perdidas, porque em muitos casos elas estão chorando e assustadas. E aponta o modo como os desconhecidos trazem as crianças para as tendas como fator que contribui para manter as crianças calmas. Se a pessoa parece estar apavorada, vai passar essa sensação para a criança.

Outra ação do programa é a distribuição de pulseiras para identificar os meninos e meninas. Na cor laranja, elas têm campos para inscrição do nome dos menores e o telefone de contato dos pais. As pulseiras são distribuídas na entrada da cidade, nas praias e nas tendas do programa. Elas foram doadas pelo Corpo de Bombeiros do Guarujá.

Até hoje, todas as crianças que chegaram perdidas às tendas foram entregues às famílias. “Já houve casos da criança ficar até quatro horas conosco. Mas sempre conseguimos encontrar os pais”, afirma a coordenadora.