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Governo quer privatizar BB e CEF
Por Do Diário do Grande ABC
15/04/2000 | 14:45
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Depois de gastar mais de R$ 60 bilhoes em ajuda aos governadores para limpar do mapa os bancos estaduais, o Governo Federal quer mostrar que também pode fazer o que prega. Pretende submeter à sociedade proposta de privatizaçao de pedaços do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF). O Banco da Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste (BNB) deverao se fundir no futuro e resultar numa grande agência de fomento.

O papel de suporte financeiro ao setor produtivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seria ampliado, com vistas a assumir preponderância no comércio exterior, uma espécie de Eximbank.

Para um futuro nao muito distante, fontes do primeiro escalao do governo garantem que o destino traçado para o Banco do Brasil será o de um banco agrícola, especializado em captar recursos com modernos instrumentos no mercado de capitais. E o papel da Caixa seria o de um banco social urbano voltado para a infra-estrutura.

Está pronto o novo modelo para os bancos federais, e a radiografia foi elaborada pelo Comitê de Coordenaçao Gerencial das Instituiçoes Financeiras Federais (Comif). Traça um quadro profundo de superposiçoes de funçoes, das dificuldades de acompanhamento da modernizaçao do mercado, da eficácia e ineficácia da presença do poder público no sistema financeiro e, principalmente, dos bilhoes em recursos dos contribuintes.

As pesadas dívidas de difícil soluçao carregadas por esses bancos, que comprometem as contas públicas e a perspectiva de futuras capitalizaçoes pelo Tesouro Nacional é um dos principais argumentos que o governo usará para apresentar a situaçao à sociedade.

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega nao viu o relatório do Comif, mas defende a venda do BB. "O destino do Banco do Brasil é a privatizaçao. Para o futuro e o bem do banco, é melhor que ele seja privado do que continuar público, atendendo a interesses do governo e dos políticos", disse.

Ele só nao acredita que isso acontecerá no governo Fernando Henrique Cardoso. "Acho que vai levar anos, porque a sociedade brasileira e os políticos ainda nao compraram a idéia do Banco do Brasil privado. E nao adianta agredir a opiniao pública", disse o ex-ministro.

No relatório do Comif, a privatizaçao do BB é sugerida em duas partes. Primeiro, reduz-se a área de atuaçao do banco, vendem-se empresas rentáveis e de atuaçao voltada ao setor privado como nas áreas de seguridade, mercado de capitais, previdência privada. E separa áreas como crédito rural. "Quando tirar as pernas que faz o banco andar, em outra empresa ficará o rombo, justificando-se assim a venda do banco", afirmou uma fonte que leu o relatório do Comif e nao gostou do que viu. Segundo a fonte, ficará um "banco bom e um banco podre".

Para fazer um levantamento aprofundado, descobrir esqueletos ou dívidas antigas escondidas é que, desde 20 de março, uma brigada de mais de 70 auditores da Fiscalizaçao do BC vasculha as contas do BB. É a primeira inspeçao global consolidada do BC num banco federal e tem prazo para durar pelo menos cinco meses. Ao passar por inspeçao semelhante no ano passado, o Bradesco recebeu 90 auditores do Banco Central.




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