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Nova central de distribuição da Ambev já está em operação
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
24/10/2004 | 13:30
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O novo Centro de Distribuição de Bebidas da Ambev (Companhia de Bebidas das Américas), construído no bairro Piraporinha, em Diadema, já funciona extra-oficialmente desde 4 de outubro. A inauguração oficial, com direito à presença da imprensa e autoridades, acontece nesta segunda-feira às 14h.

A movimentação de caminhões carregados de bebidas é intensa na frente do centro de distribuição, que fica na avenida Humberto Fagundes de Oliveira, altura do número 640. Na sexta-feira à tarde, o entra-e-sai de motos e veículos com as marcas de bebidas da Ambev era contínuo.

Cercada por muros altos de cerca de 2,5 metros de altura e arame farpado, a construção se destaca na paisagem com sua pintura recente em azul e branco e o nome Ambev pintado na lateral de uma caixa d‘água. A inscrição imponente em azul simboliza a presença da segunda maior fabricante de cerveja do mundo, recém-chegada à cidade.

A expectativa de geração de 1,7 mil empregos tem levado centenas de pessoas todas as manhãs à entrada do local. Motoqueiros, prestadores de serviço, gente à procura de um bico ou interessados em deixar um currículo comparecem bem cedo. “Isso aqui de manhãzinha parece um formigueiro”, afirma o caldeireiro Marcos de Assis Xavier, 41 anos, que trabalha em frente à central.

Xavier relaciona as melhorias que a central de distribuição já provocou no bairro, antes mesmo da inauguração: “Eles consertaram o asfalto, pintaram faixas de pedestre e de sinalização. Fizeram um bom serviço”. O melhor da história, segundo Xavier, foi a injeção de ânimo provocada no comércio local.

“O movimento aumentou 50% na última semana”, confirma o comerciante José Clóvis Silva, 43 anos, proprietário da lanchonete Padre Anchieta, vizinha ao novo centro da Ambev. A casa de lanches vende pratos feitos e petiscos variados, como frango frito, coxinhas, esfihas, além das especialidades da casa que são a dobradinha no molho de tomate e a bisteca frita.

Silva fala das mudanças: “O bairro antes era morto. Não aparecia ninguém. Não havia circulação. A vizinhança já começa a sentir a diferença”.

O comerciante Carlos Myasaka, 36 anos, tem uma distribuidora de água mineral. Onde antes era o depósito da distribuidora ele está reformando para construir um café, de olho na clientela recém-chegada. “Estou ampliando as minhas instalações”, comenta.

Macho – O musculoso ajudante de caminhão Manoel Odon da Silva, 39 anos, morador no Jardim Canhema, em Diadema, tomava uma cerveja na lanchonete Padre Anchieta, curtindo a sua happy-hour depois de uma exaustiva jornada de trabalho. Ele trabalha há dois meses no centro de distribuição. Antes, ele entregava bebidas para uma empresa rival da Ambev. Ele está radiante: “É mil vezes melhor que no outro emprego. O depósito é muito grande. A segurança é dez, você só entra se tiver crachá. Lá dentro, é bonito pra caramba”.

O ajudante relata que muita gente, que já havia começado a trabalhar na central, desistiu. “Tem muito moleque, com brinquinho na orelha, que não agüenta o serviço. Eles acham que é mole. Não é mole não. Tem que ser homem pra carregar caixa, pra suportar a pauleira. Tem que ter sangue no olho.”

Outro ajudante, Eduardo de Almeira Vieira, 22 anos, tem feito bicos de entrega. “Eles estão pegando muita gente para trabalhar na limpeza e como ajudantes. O lugar é grande, bem organizado. Eles estão terminando a obra do refeitório.”

Ambulante – Outros não tiveram a mesma sorte. O ambulante José Luiz Aiello, 42 anos, queria aposentar sua barraquinha de frutas, posicionada em frente à central, desde a época em que o lugar estava em obras, e tornar-se funcionário da Ambev. A situação, no entanto, está complicada para ele. “Eu entreguei meu currículo, mas até agora não tive resposta. Sou motorista de caminhão e tenho curso de empilhadeira.”

Aiello, que mora no bairro Arco Íris, em Diadema, reclama das exigências das empresas para contratar empregados. “Eles pedem para tudo segundo grau. Trabalhador brasileiro não tem segundo grau.” Ele diz que, “apesar de não ter estudo”, consegue entender o que tem atrapalhado a sua vida: “As empresas estão indo embora do ABC, por causa dos impostos. A região é muito cara e afugenta o emprego”, explicou o ambulante.




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