Os formatos e linguagens da sétima arte adaptados ao espaço de galeria de arte são o mote de Cinema Sim - Narrativas e Projeções, exposição que o Itaú Cultural abre nesta quarta-feira ao público em São Paulo a partir das 10h, com entrada franca.

O espaço reúne 18 obras de artistas que já vêm trabalhando esse diálogo ao redor do mundo - 11 dos artistas são internacionais. Vêm da Alemanha, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Japão, Inglaterra e Suíça. Como destaque da mostra, La Peau, última produção do francês Thierry Kuntzel, morto no ano passado. Junto disso há também debates e ciclo de filmes.

Kuntzel fotografou, isoladamente e de maneira que ficasse difícil identificar, diversas partes do corpo humano. Ampliou as imagens projetando-as em uma tela, lentamente e de forma contínua. Para a instalação, foi criada uma máquina chamada photomobile. O mecanismo permite exibir as imagens dos poros em 70 mm. A pele aparece em um grande plano-seqüência.

Velásquez desvendado - A norte-americana Eve Sussman imaginou e se propôs a mostrar ao público uma versão do que teria acontecido dois minutos antes de Diego Velásquez, (1599-1660), pintor da Corte Espanhola em tempos do rei Filipe IV, ter começado a pintar As Meninas, uma de suas principais obras. Em 89 Seconds at Alcázar, Eve dirige uma representação em movimento da imagem, explorando diversos ângulos.

A artista é fundadora da produtora Rufus Corporation, ao redor da qual circulam músicos e outros artistas envolvidos em projetos do tipo. 89 Seconds at Alcázar é uma das obras exibidas em uma única tela. A outra é Now Wait for the Last Year, da inglesa Rachel Reupke, que brinca ao colocar digitalmente gigantescos prédios sobre imagens de Pequim.

Da Inglaterra vem o inédito no Brasil You and I, Horizontal III, do britânico Anthony McCall. O artista inseriu a obra na série Solid Light Films (algo como filmes de luz sólida). McCall brinca com a luz de projeção do cinema. O público caminha por uma sala escura e enfumaçada enquanto a luz forma desenhos, numa referência onírica.

Julian Rosefeldt, alemão, adaptou duas telas paralelas para apresentar o filme Stunned Man (Trilogy of Failure/ Parte II). As agruras de um homem flagrado em seu apartamento são exibidas simultaneamente - mas de forma dessincronizada. Cada visitante sai com um roteiro próprio na cabeça, que deduz a partir das seqüências que testemunhar.

O jovem espanhol Rubén Ramos Balsa surpreende ao simular um homenzinho sapateando dentro de uma lâmpada no teto na obra Bombillas.

Os brasileiros são representados por Rosângela Rennó e Milton Marques. A mineira contribui com cinco vídeos da série Frutos Estranhos, nos quais a edição de imagens dá novo significado a cenas triviais. O brasiliense brinca com os elementos mecânicos do fazer cinema: motores de pequeno porte, caixas de madeira e outros materiais que remetem aos primórdios.

A mostra de vídeos e filmes O Visível e o Invisível, acontece paralelamente de 18 a 23 de novembro. A curadora Berta Sichel, diretora do departamento de audiovisual do Museu Reina Sofia, em Madri, selecionou 16 obras experimentais.

Cinema Sim - Narrativas e Projeções - Até 21 de dezembro. Ter. a 6ª, 10h às 21h. Sáb., dom. e feriados, 10h às 19h. No Itaú Cultural - av, Paulista, 149. Tel.: 2168-1776. Grátis.