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Líderes europeus se reúnem em Paris para discutir pacote
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05/10/2008 | 07:06
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Em busca de um projeto comum que possa evitar o aprofundamento da crise de liquidez no sistema bancário da UE (União Européia), chefes de Estado e de governo da França, Alemanha, Itália e do Reino Unido se reuniram ontem, em Paris. Participaram ainda representantes da Comissão Européia, do BCE (Banco Central Europeu), do Eurogrupo e do FMI ( Fundo Monetário Internacional). Tamanho peso político, entretanto, só reforça o desafio da reunião de Paris: selar a paz diplomática e encontrar o consenso até o evento mais decisivo, a Cúpula do Conselho Europeu, em 15 de outubro. A tendência, porém, é que os anúncios se restrinjam à regulação contábil do setor.

Nos últimos cinco dias, as divergências entre o grupo formado pela Holanda, Bélgica e França e o liderado pela Alemanha vieram à tona em torno da proposta de uma ação coordenada contra a crise. Holandeses, belgas e franceses seriam favoráveis a uma espécie de ‘Plano Paulson' europeu, um fundo de resgate do sistema bancário, com custo estimado em 300 bilhões de euros. reservas teriam origem na arrecadação de uma fatia de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de cada país da UE. Diante das divergências econômico-diplomáticas entre Paris e Berlim, a proposta parece politicamente inviável, por enquanto.

Ainda assim, encontra defensores, como o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. "O interesse europeu comanda um esforço intenso de coordenação e de convergência de ações a serem tomadas", disse Barroso.

Ontem, na capital francesa, existiam apenas especulações sobre um projeto anticrise que poderia vir a tona em duas semanas, em Bruxelas. Longe de um Plano Paulson, as medidas devem se concentrar em ações conjuntas de regulação do sistema financeiro, como normas contábeis e controle de indenizações para executivos em caso de demissão, o chamado ‘pára-quedas dourado'.

O lobby mais intenso por essas mudanças é do governo francês. Em carta endereçada ao presidente da Comissão Européia, em 10 de setembro, presidente da França, Nicolas Sarkozy responsabilizou o setor financeiro pelo estouro da crise de confiança que afeta as economias da Europa. "O retorno da confiança passará por uma linguagem clara sobre o que aconteceu e um discurso firme sobre o que é preciso fazer", diz o texto. "Europa deve ser exemplar nos sistemas de vigilância, de alerta e na organização da supervisão das atividades financeiras".

No que chama de ‘diretiva européia', Sarkozy propõe quatro medidas centrais: a criação de mecanismo europeu que integre as instâncias nacionais de controle - provavelmente reforçando o papel do Comitê Europeu de Supervisores, criado em 2004; elaboração de regras continentais para a fiscalização de grandes grupos financeiros pelas instituições nacionais; uma nova regulamentação do setor de seguros; e o controle das agências de notação. Essas medidas devem ser levadas à cúpula do Conselho Europeu, em 14 e 15 de outubro, em Bruxelas.

Não bastasse a falta de consenso em torno das medidas para conter a crise, é latente no bloco o temor de que a Comissão Européia conteste, nos próximos meses, parte das medidas nacionais adotadas em meio à crise.




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