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Neusa Basseto completa 60 anos de atividades voltadas a alunos surdos

Escola municipal de S.Bernardo conta hoje com 32 estudantes matriculados; após ameaça de fechar, unidade de ensino abre vagas para ano letivo de 2018

Bia Moço
Especial para o Diário
21/10/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Uma das primeiras instituições criadas na região para alfabetização dos alunos surdos, a Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Neusa Basseto, no Rudge Ramos, em São Bernardo, completa hoje 60 anos. Depois de período de incerteza vivido, tendo em vista ameaça de ser fechada nos últimos anos, a unidade, hoje, comemora também a abertura de vagas para a Educação Infantil e primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) para o ano letivo de 2018.

Atualmente, o espaço, instalado na Vila Mussolini, conta com 32 estudantes matriculados. Na rede municipal são, no total, 75 crianças com deficiência auditiva. Isso acontece por conta de determinação de 2013, que prevê a inclusão da comunidade surda na rede regular de ensino.

Na manhã de ontem, a equipe do Diário visitou a escola e conheceu João Victor de Oliveira dos Santos, 14 anos. Ele, que está na unidade desde que era bebê – tendo em vista que naquela época havia parceria entre as secretarias de Educação e Saúde para que os pacientes recebessem estímulo até que pudessem iniciar os estudos –, ressaltou em seu ‘idioma’ (Libras – Língua Brasileira de Sinais) a importância da instituição, cuja jornada se encerra no próximo ano. “Essa escola é muito importante para a comunidade surda, pois estudar junto dos ouvintes é muito difícil. Gosto muito daqui, pois tem surdos para interagir. É importante para o nosso desenvolvimento, para leitura, escrita. Eu gosto da união e da troca de conhecimentos que temos”, ressaltou.

Na Emeb especializada, os alunos são alfabetizados em Libras. Dessa forma, a modalidade escrita do Português corresponde à segunda língua dos estudantes. “Quero que a Neusa Basseto volte a funcionar como antes, pois os surdos lutam muito. É tudo muito difícil para nós. Temos de ganhar essa luta para que aqui tenham mais alunos. Aqui a gente se desenvolve. Precisa abrir mais vagas. Nós lutamos por isso”, defende Santos.

Emocionada, a mãe do estudante, Maria Aureliana de Oliveira, 34, endossou o pedido do filho. “Cheguei aqui com ele nos braços, com 1 ano. Entreguei no colo da diretora e comecei a chorar perguntando ‘o que eu faço com ele?’. Esse lugar foi tudo para mim. Foi aqui que entendi que ele pode ter vida normal e crescer como os outros.”

A representatividade é um dos elementos usados pela diretora da Emeb, Cristiane Gori, que atuou como intérprete durante a visita –, para incentivar o potencial dos estudantes. “Nossa escola traz adultos surdos como referência para essas crianças a fim de mostrar que eles têm capacidade e um belo futuro. Nós propagamos essa aceitação”, explicou.

Para comemorar os 60 anos de atuação, a Neusa Basseto organizou festa aberta ao público, no pático da unidade, a partir das 13h de hoje.

Além da Emeb Neusa Basseto, São Bernardo conta com outros três espaços dedicados ao ensino de estudantes surdos na rede. Os locais funcionam como escolas-polo. São elas: Emebs Padre Manuel da Nóbrega (Educação Infantil) e Neusa Macellaro Callado Moraes (Ensino Fundamental I), além do Centro de Qualificação Profissional da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Conforme publicação do Diário Oficial municipal ontem, as matrículas dos alunos surdos deverão ser realizadas na unidade escolar mais próxima da residência, de acordo com as vagas disponíveis para a etapa de ensino. A partir daí, a equipe gestora fará a avaliação dos casos e a transferência – se a família concordar – para as escolas-polo.




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