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Deputado envolvido com a máfia pode ser cassado no MA
Por Do Diário do Grande ABC
24/10/1999 | 22:02
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A Comissao de Ética da Assembléia Legislativa do Maranhao começou a examinar requerimento de cassaçao do deputado José Gerardo de Abreu (PPB), apontado como o chefe do crime organizado no Estado. Além disso, 11 membros da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico na Câmara dos Deputados chegam na segunda ao Estado para investigar o crime organizado.

O pedido de afastamento de Gerardo foi apresentado por PT, PSB e PDT. A comissao dará prazo de cinco sessoes ordinárias para que ele apresente a versao dele. Mas, antes de qualquer manifestaçao, a Comissao de Constituiçao e Justiça (CCJ) terá de apresentar parecer sobre a cassaçao.

Além de Gerardo, o deputado estadual Francisco Caíca (PSD) também está sob suspeita de comandar uma quadrilha de ladroes de carretas com ramificaçoes em Rondônia, no Acre, no Piauí e na Bolívia. O deputado cassado Hildebrando Pascoal (sem partido-AC) é apontado como o principal nome da organizaçao.

O deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmao do empresário Paulo César Farias, o PC Farias, está sendo investigado. Outro irmao, José Rogério Cavalcante Farias, é dono de uma fazenda no interior do Maranhao, que supostamente também pertenceria a Augusto Farias, às margens da Rodovia BR-316. Ele negou ter ligaçoes com o tráfico de drogas, mas admitiu ter hospedado o empresário William Amorim, considerado um dos líderes do bando.

Pelo menos dez prefeitos e ex-prefeitos maranhenses também sao citados. Dois juízes - José Ribamar Heluy Júnior e José de Arimatéia Correia - começaram a ser investigados pela Corregedoria-Geral de Justiça porque teriam colaborado com a açao dos bandidos, expedindo alvarás de fiel depositário - documentos que permitiam a circulaçao de caminhoes roubados. Os magistrados negam as irregularidades e autorizaram a quebra do próprio sigilo bancário, fiscal e telefônico.

Pistoleiros de aluguel, empresários, fazendeiros, receptadores e cerca de 50 policiais estao implicados em histórias de corrupçao, desmandos, chacinas, seqüestros, extorsoes e comércio de cocaína adquirida em território boliviano em troca de carretas roubadas nas estradas do Norte do País. Um dos acusados chama-se Joaquim Felipe de Souza Neto, empresário que está com a prisao decretada judicialmente.

A governadora do Maranhao, Roseana Sarney (PFL), e o gerente de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado, Raimundo Cutrim, serao ouvidos pela CPI. Os deputados da comissao que vao a Sao Luís esperam que ela e Cutrim contribuam com informaçoes para fechar o cerco ao bando. "Vamos detonar todo o esquema", disse o relator da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE). Segundo ele, a quadrilha do Maranhao tem ramificaçoes em outros 13 Estados.

"É um negócio muito preocupante", avaliou Torgan, que é delegado da Polícia Federal (PF) e foi vice-governador do Ceará. Os deputados vao ouvir, além da governadora e do gerente de Segurança, mais 12 pessoas, incluindo dois assaltantes que estao presos.

Ao comando da polícia, eles revelaram detalhes que incriminam Gerardo e Caíca. A comissao está mantendo em segredo a identidade dessas testemunhas, temendo que elas possam ser executadas.

Já a CPI da Assembléia Legislativa do Maranhao, composta por sete deputados, foi criada a partir das denúncias feitas pelo gaúcho Jorge Meres. Acusado de fazer parte da gangue dos deputados, Meres está preso no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Da cadeia, ele mandou cartas para autoridades do primeiro escalao da polícia contando como foi o assassinato do delegado Stênio Mendonça, em maio de 1997.




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