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PFL desiste de candidatura própria para a presidência
Por Do Diário do Grande ABC
23/10/1999 | 13:51
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Os principais caciques do PFL _ o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhaes (PFL-SC), o vice-presidente da República, Marco Maciel, e o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC) _ arquivaram a idéia de lançar candidatura própria para 2002 e decidiram trabalhar para reeditar a aliança com o PSDB. Os pefelistas já definiram que o candidato que pode unir novamente os dois partidos é o governador do Ceará, Tasso Jereissati, e querem que Fernando Henrique, considerado o 'traço de uniao``, assuma desde já o comando do processo.

Uma verdadeira crise de incerteza e falta de perspectiva de poder futuro tomou conta do PFL nas últimas semanas. O principal líder político do partido, Antonio Carlos Magalhaes, deixou claro a seus aliados que vai disputar a reeleiçao ao Senado pela Bahia. 'Eu nao sou candidato a presidente``, avisou Antonio Carlos a um grupo de deputados baianos na última semana. Desta forma, o PFL pretende abrir caminho para uma reaproximaçao com o PSDB. Ocorre que os tucanos iniciaram uma aproximaçao com o PMDB justamente por causa da eventual candidatura de Antonio Carlos.

O vice-presidente Marco Maciel também já definiu seu futuro: será candidato a um novo mandato para o Senado por Pernambuco. Restaram na linha sucessória os governadores Jaime Lerner (PR) e Roseana Sarney (MA), que ainda nao infundem no partido a confiança de que através de suas candidaturas se manterao no poder. 'Conversamos toda semana e estamos afinados``, disse Jorge Bornhausen, reafirmando que o partido, apesar da aparente falta de rumos, continua unido.

Mas esta mesma segurança nao é compartilhada pelos deputados do partido, que têm participado de rebelioes inéditas dentro do PFL e mostram-se cada vez mais inquietos com a falta de iniciativa do partido para reagir, por exemplo, às hostilidade do PSDB. 'O partido está sendo desprestigiado pelo governo, o orçamento da Uniao só nao está obstruído para os ministros do PSDB``, criticou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). Mas ninguém traduz melhor a situaçao de desamparo do partido do que o deputado Ney Lopes (PFL-RN). 'O ministro Fernando Bezerra demite um aliado do Marco Maciel da Sudene, ele é o vice-presidente, e fica por isso mesmo``, criticou.

O diretor-executivo do PFL, Saulo Queiroz, reconhece as dificuldades políticas enfrentadas pelo partido e considera que nao há muito o que fazer numa conjuntura adversa _ decorrente da baixa popularidade do governo Fernando Henrique e da recessao na economia. 'Assumimos uma atitude de imobilismo estratégico porque num quadro adverso a açao política tem alto custo e pouco benefício``, disse. A apatia também é justificada pelo vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE): 'Nós somos um partido responsável e temos compromisso com a governabilidade do país``.

Mas se a cúpula enfrenta a situaçao tentando disfarçar as preocupaçoes, entre as lideranças esta disseminada a angústia. 'A situaçao é ruim, nos falta um elemento agregador``, resumiu o deputado Rubem Medina (PFL-RJ), referindo-se ao vazio interno que surgiu com a morte do deputado Luiz Eduardo Magalhaes. A agressividade do PSDB é a maior preocupaçao do PFL. Os tucanos estao desde já se articulando com o PMDB para viabilizar a eleiçao de um tucano à presidência da Câmara dos Deputados em 2002. 'Nós já pagamos a nossa cota. Estamos conversando sobre uma aliança entre o PMDB e o PSDB para eleger os presidentes da Câmara e do Senado``, disse o líder do PSDB, deputado Aécio Neves (MG).

Os tucanos, que têm uma bancada de 100 deputados, estao convencidos de que têm pela primeira vez a possibilidade de ser poder real dentro do Congresso. Os pefelistas estao aterrorizados com a possibilidade de que esta aliança se firme efetivamente. Se isso ocorrer, o PFL ficará de fora do comando das duas casas do Congresso nos dois últimos anos do governo Fernando Henrique, justamente quando todos os partidos estao se credenciando para a sucessao presidencial. Para o PFL, seria um verdadeiro desastre político ficar sem a presidência da Câmara, sua única possibilidade de ocupar um espaço de poder concreto no período em que será definida a chapa oficial para a sucessao de Fernando Henrique.

O candidato pelo PFL a um novo mandato na presidência da Câmara é o líder da bancada, deputado Inocêncio Oliveira (PE). 'Nao temo esta aliança, minha candidatura tem o apoio do PFL e é sólida nos demais partidos``, disse Inocêncio. Esta confiança, entretanto, nao é compartilhada por segmentos da bancada insatisfeitos com a falta de democracia interna e de renovaçao na ocupaçao dos cargos. 'Os principais líderes do partido nao dividem o bolo com a base, nao consultam o partido e nem abrem espaço para os demais``, criticou Ney Lopes.




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