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Japao nega proteçao à Fujimori com nacionalidade
Das Agências
13/12/2000 | 10:24
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O governo japonês nao protege o ex-presidente peruano Alberto Fujimori e nao o ajudou a descobrir que possui nacionalidade nipônica, declarou um funcionário nesta quarta-feira em Tóquio. ``Em primeiro lugar, o governo japonês nao está protegendo Fujimori', afirmou este responsável do Ministério das Relaçoes Exteriores, que solicitou o anonimato.

``Somente estamos confirmando um fato: se possui ou nao a nacionalidade japonesa. Jamais criaríamos estrategicamente uma segunda nacionalidade para ele', acrescentou.

Nesta terça-feira, o governo japonês confirmou que Fujimori tem nacionalidade japonesa porque seus pais, que emigraram do Japao para o Peru nos anos 30, registraram seu nascimento no consulado do Japao em Lima, em 1938, e apresentaram um pedido para que o bebê tivesse a nacionalidade se seus pais.

O funcionário da embaixada japonesa deu estas declaraçoes enquanto se temia que o anúncio de Tóquio provocasse uma onda de ressentimentos contra os imigrantes japoneses no Peru e os peruanos de descendência nipônica.

A decisao das autoridades japonesas causou consternaçao em Lima, onde a revelaçao de que Fujimori possui dupla nacionalidade colocou em dúvida a legitimidade das leis e decisoes adotadas durante seu mandato.

Sandro Fuentes, um advogado que defendeu a Fujimori em 1997 quando circularam rumores de que havia nascido em Japao, disse terça-feira em Lima, que este anúncio das autoridades está criando um sentimento antinipônico no Peru. ``Japao deveria estar consciente de que seus argumentos para proteger um indivíduo específico têm um impacto na comunidade nipônica no Peru', declarou Fuentes.

O jornalista Alejandro Sakuda, autor de um livro sobre 100 anos de imigraçao japonesa nesta naçao andina, concorda com o advogado. Ele disse que os comerciantes de descendência japonesa e os empresários têm motivos para temer represálias.

``O governo do Japao pode estar provocando isto, o que é lamentável', afirmou. Em março deste ano, havia 2.620 japoneses trabalhando no Peru, em sua maioria, empregados de empresas japonesas e diplomatas, de acordo com a embaixada japonesa.

Além disso, há cerca de 41 mil peruanos com descendência japonesa. Japao já entrou em contato com o governo peruano para manifestar sua preocupaçao por sua segurança, afirmou um responsável do Ministério de Relaçoes Exteriores. ``Em relaçao às críticas contra o governo japonês e os peruanos, nós solicitamos, através do embaixador peruano no Japao, na sexta-feira passada, que vai garantir a segurança de todos os peruanos japoneses', acrescentou.

Pouco antes, Fujimori disse que a confirmaçao de que possui nacionalidade japonesa o fazia se sentir seguro, pois ele acreditava que sua integridade física estava ameaçada. ``Minha primeira reaçao ao escutar a notícia foi me sentir seguro e melhor disposto para esclarecer as informaçoes que poem em dúvida minha honra', disse Fujimori numa declaraçao escrita. O ex-presidente peruano está no Japao desde o último dia 17.

Fujimori renunciou à Presidência no dia 19 de novembro, apresentando um carta enviada pelo fax de Tóquio, país onde havia feito escala depois de participar do Fórum de Cooperaçao Asia-Pacífico em Brunei.

Os deputados peruanos votaram a favor da destituiçao de Fujimori no dia 21 de novembro devido à ``incapacidade moral' do governante.




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