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Álcool afasta mendigos de albergues
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
28/07/2007 | 07:02
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Mesmo com termômetros batendo na casa dos 4°C durante a madrugada, como ocorreu sexta-feira, moradores de rua preferem passar a noite ao relento a se submeterem às regras dos albergues públicos do Grande ABC. Quem garante isso são os próprios mendigos. O motivo principal, segundo eles, é o fato de não poderem entrar alcoolizados nos abrigos.

“Tenho que obedecer aos outros, não posso fazer o que eu quero. Aqui, tenho sossego”, conta o morador de rua Rui Rodrigues, 38 anos, que estava no Centro de Santo André na noite de sexta-feira, enfrentando um frio de 6ºC.

“Lá no abrigo eles separam a gente. Homem e mulher não podem dormir juntos. E eu só durmo abraçado à minha mulher”, conta o catador de papelão Amauri Porfílio, 45 anos. Assumidamente dependente do álcool, assim como sua companheira, Porfílio conta que prefere se esquentar com a bebida e nos braços da mulher, num colchão sujo colocado sobre a calçada da Rua Coronel Oliveira Lima.

Tratamento - Santo André, São Bernardo e Diadema afirmam que têm programas para tratar o alcoolismo dos moradores de rua. No entanto, segundo a encarregada dos Programas de Atendimento de Adultos em Situação de Risco de Santo André, Leni Vizzari, é difícil convencê-los a seguir para os abrigos, primeiro passo par o tratamento.

São Caetano afirma investir R$ 8 milhões por ano em programas sociais na área. Porém, a Prefeitura não tem sequer uma estimativa de quantos mendigos vivam na cidade.

Mauá não tem programas municipais, mas mantém convênio com o Centro Camilli Flamarion. A cidade informa ter apenas nove mendigos.

Morte - Em 4 de junho, o morador de rua Mauro Pedroso, 42 anos, morreu de frio na porta do Camilli Flamarion. Segundo testemunhas, ele foi recusado na instituição porque um vigia disse que Pedroso teria causado tumulto certa vez devido a ingestão de álcool. O Samu teria sido acionado e se recusado a atender Pedroso.




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