Na aula de MMA, a disciplina é uma das principais exigências. Leonardo Ferreira sabe bem disso: treina de segunda a sábado, duas vezes por dia, e se concentra quando tem luta importante. Para ele, estar na academia entre amigos e praticando esporte é a melhor saída para fugir da realidade da periferia onde mora. "Se estivesse na rua, poderia estar fazendo coisa errada."

Um dos princípios básicos de todo atleta de artes marciais é que quem luta não briga. Isso significa que as técnicas que aprendem para aplicar dentro do octógono devem ficar somente lá. Brigar na rua é sinônimo de expulsão. "Observe que depois da luta, os adversários sempre se cumprimentam, conversam, se respeitam. Assim devemos agir com todos", fala Erwin Faldin. Ele acrescenta que é injusto bater em alguém que não está tão preparado quanto os atletas.

A fama de que lutadores querem arranjar confusão veio dos chamados pitboys, praticantes de artes marciais que saem nas ruas para brigar. Muitos estão associados com a homofobia. Mas os lutadores querem deixar claro que nem todos são assim.

Por acreditar que o filho aprenderia a ser disciplinado, concentrado e mais ligado ao esporte do que ao computador, Rogério Durão, 45, insistiu para que Vinícius, 14, começasse a treinar muay thai com ele. "Fiz a primeira aula e adorei. Hoje faço luta e basquete e saio mais dolorido do basquete", compara. Rogério considera importante o filho fazer esportes, mas não gostaria que seguisse a carreira de lutador. Não pelos machucados, mas por acreditar que é vida muito sofrida. "Prefiro que ele só estude. Poucos conseguem se destacar."