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Troca do monotrilho por BRT é retrocesso, avalia coletivo regional

Grupo de debate sobre a mobilidade da Grande São Paulo reúne profissionais, estudiosos e usuários do transporte público desde 2014

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/06/2019 | 07:00
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Pixabay


A troca do monotrilho pelo BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus) na Linha 18-Bronze do Metrô, ligação entre a região e a Capital, como tem acenado o governo estadual, será retrocesso para a mobilidade no Grande ABC. A avaliação é do Commu (Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana), que desde 2014 reúne profissionais e pesquisadores da área de mobilidade e usuários dos transportes coletivos para debater as questões na Grande São Paulo.

Apesar de a PPP (Parceria Público-Privada) para a construção da Linha 18 ter sido assinada pelo Consórcio Vem ABC e Estado em 2014, a obra ainda não saiu do papel. A falta de recursos para as desapropriações, estimadas em R$ 600 milhões, está entre os argumentos utilizados pelo governo estadual para a demora. Desde março, a pedido do governador João Doria (PSDB), grupo de trabalho capitaneado pela STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) realiza estudos para avaliar a viabilidade financeira do projeto. O anúncio está previsto para ser feito até o dia 30.

Estudante de planejamento territorial na UFABC (Universidade Federal do ABC), Caio Cesar Ortega é um dos idealizadores do coletivo. Ele avalia que a possível troca de modal na Linha 18 é um retrocesso para a mobilidade no Grande ABC. “O Commu entende que existe a necessidade de, na medida do possível, se desfazer as avenidas de fundo de vale, como as que existem na região (Lauro Gomes, por exemplo), mas pensar em um corredor de ônibus neste local (considerando que o trajeto para o BRT seja o mesmo do monotrilho) é criar mais um obstáculo, dividindo ainda mais o tecido urbano”, afirmou.

O Commu mantém página no Facebook e também publica artigos no portal Medium. Em texto publicado em 18 de maio, o coletivo questiona Por que é Tão Difícil Discutir a Mobilidade na Região do Grande ABC?. “Essa mudança me parece mais um lobby de empresas que já operam nos corredores da região do que realmente decisão pela viabilidade do projeto. Se formos falar em BRT nos moldes de Bogotá (Colômbia), com faixas segregadas, com pistas para ultrapassagem, teremos muitas desapropriações. Ou vamos ter um novo Corredor ABD (ligação entre São Mateus, na Zona Leste da Capital e o Jabaquara, na Zona Sul, passando por Santo André, São Bernardo e Diadema), que não consegue ao menos ter viagens expressas”, criticou.

Ortega ponderou que a troca de projeto do monotrilho pelo BRT pode não atrair a demanda esperada (pesquisas mostram que o monotrilho é o modal com mais capacidade de atrair usuários de transporte individual para o coletivo e tira de dez a 12 ônibus e 500 veículos de circulação). “A verdade é que não é o monotrilho que vai, sozinho, resolver os problemas de mobilidade da região. Até mesmo porque não existe previsão de integração tarifária, a exemplo do que já ocorre com os sistemas municipais e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)”, completou.

Ortega ponderou que é preciso repensar todo o transporte público na região, aumentar a capacidade da Linha 10-Turquesa, “que, com todos os problemas, ainda é subutilizado” e atacar a questão dos contratos precários da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) para as linhas intermunicipais – licitação para a região deve ser lançada em breve, segundo o Palácio dos Bandeirantes. 




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