O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, um dos mais duros críticos do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PDT), quer levá-lo à Comissao de Ética do partido, decisao que aumenta ainda mais as divergências entre os dois - e que pode levar o chefe do Executivo fluminense a deixar a legenda. Presbiteriano, Garotinho foi acusado por Brizola de praticar o "fundamentalismo tupiniquim" por participar de cultos evangélicos em vários estados, nos quais, ainda de acordo com os pedetistas, estaria colhendo dividendos políticos para sustentar a pretensao de chegar à Presidência.

O governador rebate as acusaçoes e diz que as pregaçoes sao um direito constitucional e mais um pretexto para Brizola brigar com ele. Brizola também ameaça ir à Justiça para impedir que Garotinho use o programa eleitoral de televisao do PST, partido nanico ligado a igrejas evangélicas. Nos bastidores da política fluminense, circula informaçoes - nao-confirmadas pela assessoria do governador - de que Garotinho estaria recebendo apoio do líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), bispo Edir Macedo, para consolidar a candidatura à Presidência.

A briga entre Brizola e Garotinho pode se com a aproximaçao das eleiçoes municipais. O líder do PDT diz que o partido nao tem nenhum acordo com o PT e garantiu que lançará candidatura própria para a Prefeitura do Rio. Garotinho diverge. Assegura que há um acordo segundo o qual os pedetistas apoiariam a candidatura da vice-governadora Benedita da Silva (PT) à prefeitura. O PT faz parte da aliança que elegeu Garotinho, feito que foi possível graças aos votos de Benedita.

A participaçao de Garotinho nos cultos evangélicos tem sofrido críticas de pedetistas e gente de outros partidos porque neles, o governador estabelece uma relaçao entre a fé e os feitos na administraçao pública, os quais costuma detalhar, agradecendo a Deus por ter conseguido, a exemplo do 13º salário do funcionalismo estadual, que será possível pagar em dia. Toda a movimentaçao do governador está sendo monitorada pelo PDT, que nao está gostando da sua postura, por a considerar antiética.

O desfecho da polêmica desenha-se, cada vez mais, pela saída de Garotinho do PDT e isso pode acontecer caso o partido decida que o governador nao deva mais participar de cultos evangélicos ou mesmo determinar que as apariçoes sejam mais discretas.