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Shows, missas e corais marcam
Dia de Finados no Grande ABC

Os cemitérios apostaram em uma programação diversificada;
na Capela do Cemitério Vale da Paz, Fat Family foi a atração

Por Maíra Sanches
Andressa Dantas
03/11/2012 | 07:00
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O Dia de Finados no Grande ABC foi marcado por inúmeras apresentações artísticas nos cemitérios municipais e particulares, além de missas e corais. Um dos destaques foi o show do grupo Fat Family, que reuniu centenas de pessoas próximas à capela do Cemitério Vale da Paz, bairro Eldorado.

Quem aproveitou o feriado para saudar os entes que se foram acabou surpreso com a atração, que começou por volta das 10h20. As músicas de louvor a Deus encantaram o público. "É diferente. Mexe com a emoção e as lembranças mais antigas", disse o motorista João Vitorino, 61 anos, que veio da Capital visitar o jazigo do pai, morto em 2009.

O Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá, também preparou programação diversificada aos visitantes, que puderam apreciar o som de violinos e saxofones, além de participar de atividades como aferição de pressão, teste de diabetes e massagem (leia mais ao lado).

O músico Vinícius Botara, 26 anos, já está acostumado a fazer apresentações no cemitério, mas diz que da primeira vez em que foi chamado achou a iniciativa um pouco estranha. "É o quarto ano que me apresento aqui. Algumas pessoas fingem que não estão nos vendo, mas outras até pedem músicas em homenagem aos parentes que já partiram."

No Cemitério Municipal de Diadema, localizado na Alameda da Saudade, centenas de pessoas participaram da primeira missa da manhã, iniciada por volta de 9h30. No início da tarde, na capela ecumênica, foi realizado culto destinado apenas aos evangélicos. Pelo menos 5.000 pessoas passaram pelo local durante todo o dia de visitação.

EMOÇÃO

O balconista Marcos Antonio de Souza, 55, veio de Santo Amaro, bairro da Capital, para visitar o túmulo da avó no cemitério de Diadema. A morte ocorreu quando ele tinha 14 anos. "Ela que me criou. Não deixo de vir neste dia. É bom para matar a saudade."

No Cemitério Municipal do Curuçá, em Santo André, o número de carros era intenso já pela manhã. A missa das 9h30 estava lotada. As pessoas se aglomeraram em frente à capela em busca de alento e palavras de consolo do padre.

O tempo acinzentado não espantou a solidariedade das pessoas, que confortaram desconhecidos nos momentos de dor. A aposentada Maria dos Anjos, 57 anos, esteve no Memorial Jardim Santo André para homenagear parentes e também tentar amenizar a dor de quem passa por situação semelhante à dela. "Me corta o coração. Falei com um senhor que perdeu a filha com leucemia. Muito triste. E nesta no túmulo da Eloá (Pimentel, assassinada em outubro 2008 após ser mantida em cárcere privado) não tem nenhuma florzinha para ela. Antes todos traziam flores, bichinhos e cartazes, hoje não tem nada. Ao menos deixo minhas orações."

Filas chegaram a dois quilômetros 

Quem segue à risca o dever anual de visitar os túmulos de amigos e parentes precisou ter paciência para conseguir trafegar até o destino. Próximo ao Cemitério Vale da Paz, no bairro Eldorado, em Diadema, centenas de carros se perfilaram por quase dois quilômetros. Motoristas perderam até uma hora parados no congestionamento, que alcançou a Estrada dos Alvarenga, em São Bernardo.

Cerca de 15 mil pessoas passaram pelo local ontem. Nas imediações, 11 agentes de trânsito orientavam os motoristas. No Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo, o tráfego era intenso na Rua dos Vianas até a altura do número 2.000. Na parte interna a situação era a mesma, com motoristas disputando vagas. Na mesma via, dezenas de pessoas se amontoaram nos pontos de ônibus para conseguir voltar para casa.

SAÚDE

O Cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá, aproveitou a movimentação para atrair o público. O Espaço Bem-Estar foi criado para incentivar os munícipes a cuidar da saúde e realizar exames de prevenção. "Vim visitar o túmulo de familiares e aproveitei para realizar teste de visão. A iniciativa me trouxe comodidade, pois não precisei me deslocar ao Centro da cidade para isso", comentou Leonor Fernandes da Silva, 67.

Aos jovens que acompanhavam os familiares, a massagem trouxe motivo a mais para voltarem ao local no próximo ano. O estudante Uriel Pires, 19 anos, aproveitou a ocasião e utilizou todos os serviços oferecidos. "Acompanhei minha família e ainda pude realizar exames de diabetes e pressão. Depois de saber que está tudo bem comigo, resolvi relaxar com a massagem."

Jazigos famosos viram atração em São Bernardo

No Cemitério Municipal de Vila Euclides, em São Bernardo, onde existem 5.000 jazigos, cerca de 12 mil pessoas circularam pelo local durante todo o feriado de Finados. Além dos populares que visitaram túmulos de parentes e amigos, há quem tenha ido ao cemitério apenas para visitar figuras emblemáticas que foram sepultadas ali.

Nesta unidade, os jazigos que mais chamam a atenção são os do ex-prefeito de Santo André e São Bernardo Lauro Gomes de Almeida, morto em 1964, e do empresário e engenheiro Salvador Arena, fundador da Termomecânica São Paulo e da Fundação Salvador Arena, que morreu em 1998. "Sempre venho às missas programadas e não deixo de visitá-los. São os túmulos mais bonitos", diz a aposentada Felícia Gonçalvez, 73.

SÃO CAETANO

Cerca de 5.000 pessoas circularam pelos três cemitérios de São Caetano ontem. O das Lágrimas recebeu cerca de 1.500 pessoas durante do dia. À tarde, pelo menos 100 pessoas acompanharam a celebração das missas.

A tradição de visitar o tumulo do filho, morto há 20 anos, é mantida pela aposentada Encarnação Zanon, 77 anos, semanalmente. "Costumo vir todos os domingos, mas hoje é um dia importante para lembrar", destaca.

O local recebeu ainda grupo de religiosas que passaram o dia oferecendo palavras de consolo àqueles que circularam pelo cemitério. Conforme explica a assessora de vendas Sonia Adamussi, 45, o trabalho tem o intuito de levar para as ruas aquilo que a Igreja indica: amor ao próximo. (Colaborou Natália Fernandjes)




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