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Pensador francês Michel Maffesoli é tema de Seminários
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
14/03/2006 | 08:13
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Aos olhos distraídos de parte da população mundial, o vertiginoso crescimento da quantidade e do poder de ONGs, os eventos cada vez mais corriqueiros que aglutinam pessoas com interesses comuns e as comunidades de temas específicos na internet podem parecer apenas meros acontecimentos cotidianos. Mas, aos olhos do sociólogo francês Michel Maffesoli, eles são um claro exemplo de que vivemos novos tempos. É tempo da pós-modernidade. E é justamente o pensamento dele que servirá como base para o próximo encontro da série de Seminários Avançados Sobre a Pós-modernidade, no sábado, às 15h, na Casa da Palavra de Santo André.

O próximo encontro promete ser particularmente delicioso aos que tomam seu primeiro contato com debates desta natureza. Isso porque o universo sobre o qual Maffesoli se debruça e a análise que faz são absolutamente palpáveis e compreensíveis, tal é a proximidade de seu discurso com a realidade atual.

Para o sociólogo, o ideal comunitário se sobrepõe ao ideal societário; pequenos discursos tomam o lugar dos grandes; os regionalismos e localismos ressurgem, dando forma a uma sociedade tribal, formada por grupos – e as pessoas não criam vínculos eternos com estes, mas podem migrar de uma tribo a outra conforme seus interesses e afinidades – e a internet facilita o surgimento e fortalecimento desses grupos. É o mundo da velocidade, da fragmentação, da urgência de realizar feitos individuais ou comunitários. E tudo tem de ser imediato.

Um equilíbrio desta sociedade aparentemente caótica viria das concessões que os grupos fazem em favor da convivência. É o que explica o professor doutor Ricardo Lísias, que comanda toda a série de seminários em Santo André. O poder, por sua vez, tenderia a deixar a verticalidade para se pulverizar em linha horizontal. É o esvaziamento da política e seus mecanismos representativos para uma guinada gradual em direção a algo próximo do anarquismo.

Mas não seria o caso de apontá-lo como neoliberal, como já ocorreu. Lísias explica que Maffesoli não se detém sobre questões econômicas. “Ele não se diz um estudioso, mas um identificador, um descritor das coisas e por isso talvez seja tão popular e compreendido”. Por outro lado, esse posicionamento fez com que muitos o condenassem por não se deter em críticas. “Creio que uma das críticas mais sólidas é a de que ele parece desprezar as diferenças socioeconômicas e por isso talvez suas análises se apliquem mais ao primeiro mundo”, diz.

No decorrer da série, os participantes terão a oportunidade de conhecer outras linhas de pensamento que se confrontam com a de Maffesoli. É o caso de Terry Eagleton (dia 25) e Sérgio Paulo Rouanet (24 de junho).

Os Seminários Avançados Sobre a Pós-Modernidade são uma iniciativa conjunta da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André, da Escola Livre de Literatura, da Casa da Palavra e da Fundação Santo André, com apoio do Diário. Os textos de orientação dos seminários, publicados às terças-feiras no jornal impresso, permanecem disponíveis para consulta ao longo da semana no site do Diário.

Seminários Avançados sobre a Pós-Modernidade – Série de seminários. Sábado (18), às 15h. Na Casa da Palavra – praça do Carmo, 171, Santo André. Tel.: 4992-7218. Aos sábados, das 15h às 18h. Entrada franca. Até 1º de julho.




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