Internacional Titulo
Papa canoniza 120 mártires da China sob protestos de Pequim
Por Do Diário do Grande ABC
01/10/2000 | 10:16
Compartilhar notícia


O regime chinês reagiu este domingo contra a canonizaçao pelo Papa Joao Paulo II de 120 mártires da China que Pequim considera ``criminosos', ao estimar que este ``insulto ao povo chinês' afasta qualquer esperança de aproximaçao com o Vaticano.

Em declaraçao difundida pela agência Nova China, o ministério chinês das Relaçoes Exteriores expressou sua ``extrema indignaçao e o mais forte protesto' da China pela canonizaçao ``de missionários estrangeiros e seus adeptos que cometeram crimes notórios na China'.

``Como todos sabem, alguns missionários católicos estrangeiros cometeram ou foram cúmplices da invasao colonial e imperialista da China no período contemporâneo', acusou o ministério.

``Algumas das pessoas canonizadas pelo Vaticano foram culpadas de ultrajes como estupros e saques na China e de cometer crimes imperdoáveis contra o povo chinês', acrescentou Pequim sem dar nomes.

A China considera um escândalo que o Vaticano ``nunca tenha se arrependido por seus crimes'.

``Trata-se de uma flagrante provocaçao contra o povo chinês, um gesto que tende a revisar o veredito da história (...) e um insulto grosseiro à patriótica resistência do povo chinês frente à opressao estrangeira', acrescentou.

O Papa Joao Paulo II canonizou neste domingo, durante uma cerimônia realizada na Praça de Sao Pedro, no Vaticano, 120 mártires da China, entre eles 87 chineses mortos por causa de sua fé durante os últimos três séculos.

Ante 50 mil fiéis reunidos, apesar da forte chuva, o Sumo Pontífice negou-se a falar da polêmica desatada por essa canonizaçao com Pequim, que classificou a cerimônia de ``provocaçao'.

``Esta celebraçao nao é o momento oportuno para formular julgamentos sobre os períodos históricos (da China). Poderemos fazê-lo em outras ocasioes', disse o Papa, em sua homilia.

Os 120 ``mártires' da China morreram entre 1648 e 1930. Entre os canonizados figuram mais de 70 católicos, entre eles dois meninos de nove anos, adolescentes e mulheres que morreram durante a rebeliao dos Boxers, em 1900.

Vaticano e China se acusam mutuamente de uma interpretaçao equivocada da história, ao referir-se à canonizaçao, que se celebra no mesmo dia em que se comemora o 51º aniversário da proclamaçao do regime comunista por Mao-Tse-Tung.

O Vaticano e a República Popular nao mantém relaçoes diplomáticas, já que a Santa Sé reconhece o Governo de Taiwan com representante legítimo da China.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;