As doações feitas pelo Banco de Alimentos de Santo André às 180 instituições assistenciais da cidade caíram 80% entre julho e novembro. As entidades dependem do benefício para cuidar de crianças, idosos e famílias em situação de risco social. O problema ocorre após o término do convênio da Prefeitura com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em setembro.

Conforme informações de funcionários da unidade, que pediram anonimato, até agora o estoque de novembro soma 35 toneladas. Antes, o montante acumulado chegava, em média, a 180 toneladas. A maioria dos produtos é conseguida por meio de doações voluntárias feitas por supermercados e empresas.

A parceria com o governo federal garantia grande parte das doações de hortifrúti por meio de repasse de R$ 1,6 milhão do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Neste mês, frutas e legumes somaram menos de 10% do total recebido pelo banco.

Na época do rompimento do convênio, a União informou que a Prefeitura optou por não participar do edital. Já a administração alegou que tentaria se cadastrar novamente em novembro. Procurada ontem, não se manifestou.

Por outro lado, a Pasta federal informou que a Prefeitura solicitou a senha para acessar o novo sistema de adesão, mas que não há prazo estipulado para renovação.

No primeiro semestre, entidades chegavam a retirar até uma tonelada de mantimentos de uma só vez. "Nunca mais voltou ao normal. Algumas crianças até emagreceram", diz Katia Carvalho, coordenadora da Casa do Jardim, instituição que cuida de 80 crianças.

Um dos funcionários do Banco de Alimentos que fez a denúncia confirma a escassez de produtos nos estoques da unidade. "Quase não temos mais hortifrúti porque estragam rápido. Até dezembro, dependemos das doações de mercados. É lamentável. Torcemos por melhorias, pois conhecemos o sofrimento dessas instituições."

Entidade acumula itens para garantir Natal

Com a chegada do Natal, uma das entidades que dependem do Banco de Alimentos se prepara para garantir as doações das crianças nas festas de fim do ano. A meta é, mesmo com poucos itens, acumular a maior quantidade de alimentos até o dia 15 de dezembro.

A Casa do Jardim, localizada no bairro Campestre, atende crianças de 4 a 16 anos. Elas passam o dia na instituição, fazem refeições, atividades educativas e retornam para casa com sacolas que contêm mantimentos.

Depois do fim do convênio, as crianças chegaram a levar para casa, ao invés de frutas, materiais escolares. Todas vivem em situação de vulnerabilidade social. "Elas só retornarão em janeiro. Não irão para a escola e nem terão comida em casa. Tentaremos mandar o máximo de uma vez", afirma a coordenadora Katia Carvalho. Em média, as instituições têm retirado 20 quilos por vez.

NOVA GESTÃO - O prefeito eleito de Santo André, Carlos Grana (PT), foi procurado para comentar a possibilidade de retomar a parceria com a União em 2013, mas não foi localizado. Grana tem evitado antecipar realizações de seu mandato antes de iniciar o período de transição com o governo atual.