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Voluntários em áreas de risco ajudam a salvar vidas na região

Anjos da guarda são responsáveis por acionar Defesa Civil e moradores durante temporais

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/11/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A efetividade de ações das defesas civis e das prefeituras do Grande ABC relacionadas às chuvas de verão (estação que tem início em 21 de dezembro) depende principalmente do olhar dos moradores de áreas de risco, que fazem o papel de anjos da guarda das comunidades. Os voluntários são os responsáveis pelo primeiro alerta em caso de ocorrências como deslizamentos, medida que tenta evitar as temidas tragédias.

Em Mauá, o casal formado pelo pastor Paulo Ferreira dos Santos, 67 anos, e a dona de casa Terezinha Alves dos Santos, 62, é voluntário responsável pela região do Macuco, no Jardim Zaíra, há quatro anos. No total, são 115 moradores inscritos em toda a cidade. O trabalho, segundo eles, é gratificante e recebido como um desígnio de Deus. “Entramos em contato com pessoas que sofrem bastante por perder tudo. Quem não tiver jogo de cintura não aguenta, mas acaba sendo uma bênção poder ajudar quem está precisando”, relatou ela.

O casal, que revela já ter observado experiências tristes com deslizamento e, inclusive, vítimas fatais, destaca que a remoção de algumas famílias da área de risco deixou o cenário, famoso palco de tragédias – a mais emblemática ocorrida em janeiro de 2011 –, menos perigoso. No entanto, a situação ainda exige trabalho durante todo o ano, neste caso com rondas pelo bairro e avisos à administração quando há bocas de lobo entupidas ou vazamentos.

No início do ano, os moradores do Macuco foram responsáveis pelo primeiro atendimento a um desabamento, felizmente sem vítimas fatais. “Assim que começa a chover forte vestimos nosso uniforme e vamos aos locais dar orientação. Há poucos dias desabou metade de uma casa e nós acionamos a Defesa Civil”, contou Santos.

Para que integrem os Nupdecs (Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil), os moradores precisam passar por capacitação oferecida pela própria Defesa Civil municipal no período de uma semana. Também são realizadas reuniões anualmente com as equipes.

Conforme o secretário de Segurança Pública de Mauá e coordenador regional da Defesa Civil na região, Paulo Barthasar Júnior, a capacitação é essencial. Na última semana, as defesas civis da Região Metropolitana passaram por oficina preparatória – parceria do governo do Estado e o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC – para ações que devem ser realizadas durante o verão. “Quando temos estas oficinas, tudo acaba sendo repassado às famílias.”

No caso do Macuco, o trabalho dos anjos da guarda é ainda mais importante, tendo em vista que as peças dos prismas instalados em 2015 – ferramenta que permitia monitoramento da movimentação de terra – foram furtadas. Conforme o secretário, inspeção realizada no início do ano constatou o problema. “Faz falta, porque é um equipamento caro e tecnológico, mas em compensação temos a vistoria em campo e a atividade destas pessoas, o que acaba suprido”, afirmou. Segundo ele, não há prazo para a reposição dos itens.

As ações específicas das administrações têm início no dia 1º de dezembro.

 

RIBEIRÃO PIRES

No bairro Santo Bertoldo, em Ribeirão Pires, o ferramenteiro aposentado Antônio Paulino da Silva, 67, é o voluntário responsável pelo monitoramento das chuvas. Morador do local há 45 anos, ele utiliza um pluviômetro instalado em sua casa para reportar a quantidade de chuva à Defesa Civil.

Segundo ele, uma tragédia ocorrida em 2010 o motivou a se inscrever no projeto. “Minha vizinha e as três filhas morreram soterradas. Um ano depois (da tragédia) meu filho entrou na Defesa Civil”, disse.

Segundo ele, o bairro não registrou mais ocorrências relacionadas aos deslizamento, no entanto, o alerta permanece. “Sempre que vejo as pessoas mudando algo no terreno, digo que não pode ser feito sem autorização. Reporto a quantidade que chove, assim que começa, e eles (profissionais da Defesa Civil) me orientam”, disse.

 

Daee remove 1,3 milhão de m² de vegetação dos piscinões

O Daee (Departamento de Águas e Esgoto do Estado) voltou a afirmar que o conjunto de piscinões do Grande ABC está apto para o período das chuvas de verão. Segundo a autarquia, as máquinas já removeram um total de 500,6 mil m³ de sedimentos e 1,3 milhão de m² de vegetação. São 19 reservatórios no total, que demandam investimento de R$ 1,6 milhão.

A recuperação da estrutura do piscinão Ecovias-Imigrantes, em Diadema, que sofreu desabamento de 35 metros de uma parede e parte da pista na Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquivel no início do ano, também está sendo realizada pela autarquia.

A Prefeitura de Mauá informou que já realiza ações específicas. O piscinão do Paço vai ser desassoreado e limpo para estar com a capacidade completa e dar conta do período de chuvas. A limpeza também é realizada nos reservatórios Capuava, Zaíra e Sônia Maria, que, além da limpeza, terá área demolida para ampliar a capacidade. Em Ribeirão Pires, desde a última semana, rio que leva o nome da cidade recebe ação de desassoreamento e limpeza com a finalidade de evitar transbordamento.

São Bernardo realiza ações preventivas por meio da Operação Pé D’Água, que conta com 350 pessoas envolvidas e 40 voluntários. Santo André se prepara para a Operação Chuvas de Verão, que intensifica o trabalho das equipes envolvidas nos atendimentos durante as chuvas de verão.




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