Economia Titulo Balanço
Construção civil fecha 3.692 postos na região

São Bernardo e Santo André foram as
cidades que mais demitiram no setor em 2016

Por Gabriel Russini
Especial para o Diário
11/02/2017 | 07:24
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Claudinei Plaza/DGABC


A indústria do setor da construção civil fechou 3.692 postos de trabalho com carteira assinada em 2016 no Grande ABC, o que equivale a aproximadamente dez demissões por dia. Embora os cortes tenham superado as contratações, o ritmo de dispensas foi menor no ano passado do que em 2015, quando 4.169 pessoas perderam o emprego no setor nas sete cidades (11 por dia). Mas o desempenho ainda é inferior ao de 2014, quando as demissões atingiram 1.528 (uma a cada dois dias). Desde 2011 o saldo é negativo.

Em 2016, estavam em atividade na construção da região 39.574 operários, número 5,89% menor do que 12 meses antes, em que eram contabilizados 42.049 trabalhadores com carteira assinada.

Os dados foram levantados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), com base em informações do MTE (Ministério do Trabalho e do Emprego).

No Grande ABC, apenas São Caetano registrou saldo positivo, com a geração de 391 postos de trabalho. Já entre as cidades que apresentaram retração, São Bernardo foi a que mais fechou postos no período (-1.678), seguida de Santo André (-1.215), Diadema (-552), Rio Grande da Serra (-86) e Ribeirão Pires (-64).

Segundo o presidente do Sindicato dos Construtores da Indústria de Construção Civil de São Caetano, José Maria de Albuquerque, os dados do levantamento não condizem com a realidade vivida pela cidade em 2016. “São Caetano registrou mais de 2.000 homologações no ano passado, um recorde do município. Está tudo parado, tem apartamento novo que está há um ano, um ano e meio parado, sem vender”.

É válido ressaltar que o levantamento considera o saldo de emprego, resultado das contratações menos as demissões. E são consideradas apenas vagas com registro em carteira.

ORIGEM - Os cortes são reflexo da crise e do desemprego crescente, que faz com que as pessoas adiem a compra de imóvel. Dados da Acigabc (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) mostram que as construtoras comercializaram no ano passado 2.962 apartamentos, 40,03% menos do que em 2015, quando foram vendidos 4.939. Consequência dessa desaceleração, o total de lançamentos também recuou em 2016. No acumulado de janeiro a dezembro foram lançadas 2.242 unidades, redução de 44,5% em comparação a 2015, que contou com o anúncio de 4.042 apartamentos. Isso tudo impacta na menor demanda por profissionais do ramo.

Na comparação de dezembro frente a novembro, todos os municípios apresentaram baixas no setor, com exceção de Ribeirão Pires, que não teve variação no estoque. Santo André liderou a lista, com 217 baixas. Logo em seguida veio São Bernardo (-187), São Caetano (-154), Diadema (-114), Mauá (-34) e Rio Grande da Serra (-2).

Para a diretora regional do SindusCon-SP em Santo André, Rosana Carnevalli, o resultado de dezembro manteve o ritmo de queda visto ao longo do ano. Para 2017, ela aponta que já se veem medidas que sinalizam possível estabilização do cenário, mas nada que possa mudar a situação de uma hora para outra. “Vemos movimentações no sentido da redução dos juros, mas o que de fato incomoda é o desemprego na região, área que concentra muitas indústrias. A perda do emprego é um forte inibidor para mercados que exigem planejamento de longo prazo, como a aquisição de imóveis. 




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