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Procura-se Lula

Figura presente em pleitos no Grande ABC, líder máximo do PT se ausenta de campanhas na região

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
Vitório Rocha
Especial para o Diário
18/09/2016 | 07:00
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Nario Barbosa 23/9/12


Este é o primeiro pleito municipal no Grande ABC sem a presença ativa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a fundação do petismo, em fevereiro de 1980. O petista participou das campanhas eleitorais dos prefeituráveis do partido na região em todas as outras oito eleições desde 1982 e foi bastante ativo mesmo em 2004 e 2008, quando já era governante do País.

Em meio às graves crises política e institucional pelas quais passa o PT, o ex-presidente apareceu pouco na região neste ano e fora de período eleitoral, que começou em 16 de agosto. Lula esteve em eventos não necessariamente relacionados com o partido, como a comemoração dos dez anos da Lei Maria da Penha, em Santo André, e manifestações no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contra o impeachment da agora deposta presidente Dilma Rousseff (PT). A convenção que oficializou a candidato de Tarcísio Secoli (PT) ao Paço de São Bernardo foi o único episódio diretamente relacionado ao pleito em que o ex-presidente participou.

Historicamente palco eleitoral de Lula, a região chegou a escolher ex-presidente em 1989, durante as eleições presidenciais contra Fernando Collor de Mello (hoje no PTB), que ganhou a Presidência, mas foi deposto. Por conta da forte influência no Grande ABC, o ex-sindicalista sempre foi muito presente nos pleitos das sete cidades.

Em 2012, já ex-presidente e superando um câncer na garganta, Lula esteve em comícios eleitorais dos hoje prefeitos Luiz Marinho (PT-São Bernardo), Donisete Braga (PT-Mauá) e Carlos Grana (PT-Santo André). O petista também auxiliou intensivamente a campanha do prefeiturável Claudinho da Geladeira (PT), em Rio Grande da Serra, que foi considerado “xodó” de Lula por receber muita atenção do ex-governante. Em Diadema, o petista também tentou, sem sucesso, auxiliar a reeleição de Mário Reali (PT), que perdeu para o atual chefe do Executivo, Lauro Michels (PV).

Para Grana, não é apenas Lula que tem se ausentado das campanhas municipais. “De um modo geral, as lideranças nacionais estão se omitindo. Quando você é candidato na eleição e se ainda não é conhecido, é importante ter apoio de lideranças. A minha campanha é a reeleição e tem outro caráter: a questão é qual foi o resultado DO nosso governo. Além disso, é uma campanha curta, de apenas 45 dias.”

Por outro lado, o candidato à Prefeitura de Diadema Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), revelou que pediu que Lula viesse à cidade e aguardava confirmação de data. “Ele virá aqui com certeza. A população cobra a presença dele. Ele já sinalizou a possibilidade de vir. Nós estamos num momento de superação, em que vai permanecer no PT quem tem garra e disposição de luta. Vamos ganhar a eleição aqui e reascender um legado histórico na cidade”, afirmou, fazendo referência ao fato de Diadema ter sido primeira cidade governada pelo PT, em 1982, com Gilson Menezes (hoje no PDT).

Pesquisa do Datafolha de agosto mostrou que a presença de lideranças nacionais como Lula, o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mais atrapalham do ajudam nos pleitos municipais porque há rejeição por parte da população.

“É enganoso comparar a presença física dele nas campanhas de 2008, 2012 e 2016 sem levar em conta fatores externos. Sem levar em conta fatores que incidiam sobre a possibilidade material dele estar presente, como o fato dele ser presidente em exercício na época, como estava a saúde dele, o tempo livre dele para fazer campanha etc. Agora, por exemplo, há ofensiva contra Lula (na Lava Jato), o que lhe toma tempo que em outras circunstâncias ele estaria dedicando fisicamente a muitas campanhas”, avaliou o cientista político e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) Valter Pomar.

Pomar também levantou a questão da estratégia eleitoral do partido para este pleito. “Há escolhas políticas do próprio Lula, da direção nacional do PT e de cada campanha municipal. Sobre isso não existe propriamente um padrão. É público que algumas campanhas eleitorais de petistas estão apresentando de maneira muito discreta os símbolos do PT, mas eu não conheço uma campanha petista, em todo o Brasil, que não gostaria de ter a presença de um ex-presidente da República que lidera as pesquisas para 2018.”  




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