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Escassez de gasolina em Caracas provoca filas nos postos
Por Das AFP
29/12/2002 | 17:26
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Filas quilométricas de veículos formavam-se nos poucos postos de gasolina abertos neste domingo em Caracas. Os motoristas mostravam-se cansados depois de quase 48 horas de espera para comprar combustível, apesar da informação do governo de que há gasolina suficiente.

"Ficamos dois dias e meio nesta fila e não conseguimos encher o tanque", disseram Iván e Erick, dois irmãos que estão desde sexta-feira à espera de gasolina e chegaram a dormir no veículo para não perder o lugar na fila em Junquito (20 quilômetros ao Noroeste da capital), onde os motoristas aguardam um caminhão com gasolina.

Em San Antonio de los Altos (25 quilômetros ao Sul de Caracas), centenas de veículos fazem fila há mais de 24 horas. "Fico melhor em casa com o tanque vazio. Imagine se fico na fila e a gasolina acaba antes de chegar a minha vez?", disse, em tom de ironia, Rafael Castañeda.

Em Guarenas, outra cidade satélite ao Leste de Caracas, também há longas filas nos postos.

Embora o governo assegure que há combustível suficiente, o presidente da gigante petroleira estatal PDVSA, Alí Rodríguez, admitiu no sábado, em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros, "que houve problemas de distribuição, mas eles já estão sendo resolvidos".

"Eu mesmo tive problemas para encher meu tanque com gasolina", disse Rodríguez, depois de relatar a peregrinação de seu motorista atrás de um caminhão de gasolina sob o controle de funcionários do Governo Chávez.

O chanceler Roy Chaderton disse no sábado à imprensa estrangeira que tem apenas "um quarto do tanque" cheio, mas acredita que conseguirá comprar gasolina normalmente, por causa das vitórias do Governo na "batalha" com a indústria petroleira.

Na maioria das cidades venezuelanas há escassez de combustível. Também foram registrados acidentes causados pela crise, que leva as pessoas a manipularem latas de gasolina. O Corpo de Bombeiros de Caracas informou que um veículo e uma casa foram incendiados por causa do uso inadequado do combustível.

Neste sábado, o vice-presidente do Governo, José Vicente Rangel, afirmou que a situação é normal e que o setor petroleiro do país está "totalmente sob controle".

Um navio brasileiro com gasolina chegou neste sábado à Venezuela com 525 mil barris de gasolina sem chumbo, mas esta quantidade de gasolina deve durar apenas dois dias, segundo os petroleiros rebeldes.

Rodríguez também anunciou que o governo importará 400 mil barris de combustível de Trinidad e Tobago. O presidente Hugo Chávez já havia afirmado que serão 300 mil barris.

"O plano da oposição, tal como estava planejado, fracassou. Eles queriam o desabastecimento de combustível e a paralisação do país, mas não vão conseguir alcançar seus objetivos", disse Rodríguez.

A greve geral organizada pela oposição contra o presidente Hugo Chávez começou no dia 2 de dezembro e tornou-se mais radical no setor petroleiro, prejudicando sobretudo as exportações e o abastecimento interno de combustível.

Gasolina em latas - Os postos de gasolina da Venezuela estão proibidos de vender combustível aos clientes em latas, por motivos de segurança e para interromper o movimento do "mercado negro".

O presidente da Federação Nacional de Gás (Vengas), Juan Baquero, declarou que "a partir deste domingo está terminantemente proibida a venda em latas nos postos de gasolina".

"Já existem medidas contra isto, mas com a greve elas não haviam sido consideradas", acrescentou Baquero, que informou que a Vengas manteve contatos com o ministério da Energia para garantir a adoção de medidas contra o comércio ilegal de combustíveis.




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