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Pão francês fica mais barato na região
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/08/2008 | 07:11
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O preço do pão comum, conhecido como pão francês, registrou valores mais baixos no mês de agosto em todo o Grande ABC. Segundo estimativas do Sipan-ABC (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Grande ABC), já é possível observar uma redução entre 5% e 10% no preço do pãozinho, que hoje está custando em média R$ 6,50 o quilo na região.

Mesmo com a medida anunciada pelo governo no último dia 28, que determina a volta da taxação de 10% para todo o trigo importado de regiões de fora do Mercosul (composto pelos países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o preço do pão francês não deve subir.

O motivo alegado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é que, com o início da colheita da safra brasileira e a normalização do abastecimento proveniente da Argentina - principal fornecedor do cereal para o Brasil -, o mercado interno conseguirá suprir a demanda.

O Sipan-ABC explica que o preço do pãozinho deverá cair ainda mais nas próximas semanas. Com a decisão do governo no início de agosto em aprovar a isenção da alíquota zero de PIS/Pasep e Cofins para as matérias-primas componentes do pão comum - como trigo, farinha de trigo e pré-misturas -, as panificadoras também deverão receber, aos poucos, os repasses desse desconto.

"Estamos realizando uma campanha com todas as padarias do Grande ABC para que reduzam seus preços, já que o custo da farinha também diminuiu", conta Antonio Carlos Henriques, presidente do Sipan-ABC e vice-presidente da Abip (Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria).

Ao todo, mais de 300 panificadoras receberam cartazes com os dizeres: "As padarias a favor do Brasil e contra a inflação". No texto dos catazes, em letras vermelhas, a entidade afirma que "o preço do pão deverá cair".

Beneficiados - No Brasil, conforme explica Henriques, os maiores beneficiados com a nova lei que propicia a isenção da alíquota são os moinhos, as grandes indústrias, grandes padarias e supermercados, já que a maior incidência no País se dá sobre a farinha de trigo.

Há um ano, segundo o executivo, o saco de farinha (com 50 kg) custava R$ 40. Somente este ano, o produto sofreu aumento de 120%, atingindo valores entre R$ 80 e R$ 95. Hoje, após a aprovação da medida, sofreu redução de 10% e é encontrada por cerca de R$ 70 e, dependendo do fornecedor, por até R$ 58.

"A farinha representa 30% do preço do pão. Portanto, se seu preço sofre redução, o pão também deve ter o preço diminuído", afirma.

Consumidor aprova redução, mas acha pouco

Há cerca de dois meses, quando a Padaria Nova Brasília, localizada em São Caetano, comprou farinha por um valor menor, o estabelecimento reduziu o preço do quilo do pão de R$ 7,40 para R$ 6,99. E, segundo Antonio Carlos Clara, sócio da panificadora, em até quinze dias, o pão francês vai baixar mais, com queda de 6%, atingindo R$ 6,40 o quilo. Segundo ele, para chegar na ponta, ou seja, nas padarias, a alteração nos preços leva até 60 dias.

A dona-de-casa Maria Filomena de Oliveira, de 50 anos, paga R$ 2,49 pelos mesmos oito pães, economia de R$ 0,50 em relação a dois meses atrás. O quilo na panificadora Delícia (também em Santo André), está R$ 6,99, frente aos R$ 7,60 cobrados antes da deflação. "Nas cooperativas pagamos cerca de R$ 3 o quilo. Mesmo que o sabor não seja o mesmo, não justifica o quilo ser quase o dobro do preço", defende.

Já o jornaleiro Nelson Meireles, 48 anos e a vendedora Vanusa Silva, 31 anos não perceberam a mudança no preço.

A gerente da padaria Jardim Estela, Cícera Cintra, 42 anos, conta que nesta panificadora da periferia de Santo André o preço do pão diminuiu há três semanas, após o recebimento do cartaz do sindicato. De R$ 6 passou a R$ 5,80. Entretanto, ela reclama que em uma padaria próxima o pão francês é vendido à unidade. O preço: R$ 0,15. "É uma concorrência desleal. Esse valor tirou toda a minha clientela", lamenta.

Em um bairro próximo, Vila Junqueira, a cozinheira Vilma Dionísio, 51 anos, e a salgadeira Aparecida Uxôa, 34 anos, são adeptas à compra do pão por unidade. Todas as tardes o jovem Luciano Mariano, 28 anos, leva em sua bicicleta diversos tipos de pães, sendo que o francês sai por R$ 0,25 cada. "Além de vir na rua de casa e ser mais barato, o pão que ele traz é bem melhor que o da padaria", diz Aparecida. Mariano vibra: "depois que as padarias passaram a cobrar por quilo, a cada dia tenho mais clientes".

Trigo foi responsável pela alta no preço do pão francês

Um dos principais componentes do pão francês é a farinha de trigo. No Brasil, o trigo começou a sofrer os efeitos da inflação no início deste ano por dois motivos.

O primeiro deles é que o maior importador do cereal no País é a Argentina, e em julho deste ano, o governo de Cristina Kirchner decidiu aumentar os impostos sobre as exportações de grãos, alegando que a medida impediria que a alta nos preços internacionais dos alimentos chegasse à mesa dos argentinos.

A segunda razão foi que os fabricantes de farinha de trigo tiveram de importar o produto dos Estados Unidos e do Canadá, países que no primeiro semestre sofreram com a alta demanda mundial. O aumento do consumo de alimentos, principalmente em países como Índia e China, fez com que a safra total disponível se tornasse insuficiente. Além disso, como os países norte-americanos estão geograficamente mais distantes que a vizinha Argentina, os custos com o transporte cresceram.

Com o início da safra brasileira de trigo em julho e a normalização da exportação Argentina em agosto, os preços começaram a baixar. Ainda este mês, o governo brasileiro aprovou uma medida para conter a alta do pão francês, que afeta diretamente o bolso do consumidor.

Todo o trigo que entrar no Brasil até julho de 2009 terá alíquota zero de PIS/Pasep (Programa de Integração Social / Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). Na prática, a medida implica um abatimento de 10% no valor pago pelo cereal. Com o trigo mais acessível, a farinha de trigo e conseqüentemente o pão tornam-se mais barato também.




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