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Planejamento ajuda a conter gasto excessivo de fim de ano
Por Clarissa Cavalcanti
Do Diário do Grande ABC
23/10/2005 | 07:49
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Mesmo com o acréscimo do 13º salário, o orçamento doméstico no final e começo do ano costuma ficar apertado. Festas, presentes, roupas novas, férias e impostos pesam no bolso. Mas os especialistas consultados pelo Diário garantem que com planejamento e contenção de gastos é possível pagar todas as contas e se livrar das dívidas em 2006.

"É justamente em dezembro e janeiro que as pessoas começam a se endividar", explica o assessor econômico da Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), André Chagas. O reflexo do gasto excessivo aparece no mês de março, que registra aumento médio de 17% na inadimplência em relação a fevereiro. "É em março que surgem os últimos vencimentos das compras das festas do final de ano."

Chagas acredita que a melhor maneira de economizar é controlar pequenas despesas. "Lanches na rua, passeios e extravagâncias no final de semana parecem pouco mas pesam muito no orçamento do final do mês."

Para o coordenador do centro de estudos e finanças da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas), William Eid Júnior, planejamento é a palavra-chave para evitar as dívidas em 2006, "É fundamental colocar os gastos na tela do computador. Isso deve ser um hábito para o ano todo."

Ele recomenda que o 13º salário seja usado para pagar dívidas do cartão de crédito e cheque especial para "fugir dos juros", cujas taxas são elevadas. Outra parte deve ser separada para despesas de janeiro com material escolar, matrícula, férias e pagamento de impostos como IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). O restante pode ser usado em viagens, roupas novas e presentes.

Uma boa tática indicada para economizar o 13º na hora de comprar os presentes é se antecipar. "Quem deixa para a última hora não tem tempo de procurar e paga mais caro", explica o coordenador.

O professor do Departamento de Economia da Universidade Metodista, de São Bernardo, Sebastian Alejandro Escobar, afirma que o consumidor que pesquisa encontra diferenças de até cinco vezes nos preços. Escobar também recomenda pagar os presentes à vista ou em poucas prestações, para fugir da cobrança dos juros.

Falta de dinheiro - De acordo com o presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), José Ranoel Piccin, o planejamento deve ser feito durante todo o ano. Segundo ele, o ideal é tentar guardar até 20% do salário para evitar imprevistos. Mas, para quem não conseguiu organizar o orçamento e acha que só o 13º não dará conta das despesas adicionais, Piccin aconselha: "Fuja da tentação do cheque especial e do cartão de crédito".

Se precisar de dinheiro extra, ele recomenda um empréstimo consignado (com desconto em folha), com taxa de juros média de 2% ao mês - contra 10% do cheque especial e 12% do cartão de crédito. Em último caso, ele aconselha pedir empréstimo pessoal no banco porque as taxas variam entre 5% e 6%.

Para os que conseguirem planejar gastos e economizar parte do 13º salário ou de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), Piccin avalia que a melhor medida é aplicar o dinheiro em fundos de renda fixa. "É preciso pesquisar qual banco está dando as melhores condições."

Economia - Segundo o especialista em economia doméstica da FGV-Rio e autor do livro Sobrou Dinheiro - Lições de Economia Doméstica, Luiz Carlos Ewald, uma boa dica é tentar economizar nas despesas cotidianas. Ele explica que, na compra de material escolar, os pais podem se reunir e adquirir os livros em conjunto para negociar descontos. Além disso, as famílias com mais de dois filhos devem pechinchar abatimento no valor da matrícula e da mensalidade.

Ewald diz que o ideal é pagar à vista impostos como o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para obter descontos. No caso do Estado São Paulo, o valor é de 3,5%. Ele alerta ainda que as viagens e férias das crianças também devem ser planejadas e pagas na hora. "Não vale a pena desfrutar de uma viagem e ficar o resto do ano pagando."

Para não entrar em 2006 no vermelho

Como usar o 13º salário
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Priorize o pagamento de dívidas do cartão de crédito e cheque especial para evitar os juros.
- Se estiver inadimplente, procure o credor e tente negociar um desconto ou a retirada dos juros.
- Separe parte do dinheiro para as despesas do começo de ano como impostos, gastos com material escolar e matrícula dos filhos.

- O restante do 13º deve ser usado com festas, presentes, viagens etc.

Como economizar?

Planejamento
Faça uma planilha com todas as possíveis despesas.

Presentes
Relacione todas as pessoas que irá presentear. O ideal é comprar com antecedência para ter tempo de pesquisar preços. Os especialistas garantem que quem deixa para a última hora acaba comprando presentes mais caros.

Caixinhas
Não seja o primeiro a contribuir com a caixinha do zelador, faxineira, cabeleireiro etc. Espere para ver o quanto as outras pessoas estão dando. Uma boa idéia é combinar com vizinhos e colegas de trabalho um valor único de contribuição.

Despesas Escolares
Em janeiro começam os gastos com material escolar, matrícula e uniforme. O ideal é reservar parte do 13º para estas despesas. É possível solicitar a lista de material antecipadamente para pesquisar preços e evitar a correria de última hora.

Festas
Procure produtos alternativos e compare os preços no supermercado. Use frutas tropicais nas ceias no lugar das importadas.

Impostos
Também é importante reservar dinheiro para pagar o IPVA e IPTU. Se você pagar à vista pode ter descontos e evitar os juros.

2006
Para garantir um ano sem dívidas comece a planejar o seu orçamento anotando os futuros gastos no computador. Guarde 20% do salário para se programar em uma possível demissão, viagens e para os gastos de 2007.




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