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Apeoesp faz ‘arrastão’ por greve de professores
Por Fabiana Chiachiri
Do Diário do Grande ABC
25/10/2005 | 08:08
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A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) fez uma espécie de arrastão durante todo o dia de segunda-feira nas escolas estaduais para reforçar o movimento de greve, que ficou decidido após assembléia realizada na última sexta-feira no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na capital. No Grande ABC, os conselheiros das unidades regionais afirmam ter visitado todas as 354 escolas da região para informar professores e alunos sobre o movimento. De acordo com a coordenadora da regional de Santo André, Antônia Leonor Gachet Silva, até o fim da tarde de segunda-feira cerca de 30% dos professores da cidade já haviam decidido cruzar os braços. Na quinta-feira haverá nova assembléia, às 14h, seguida de passeata até a Secretaria Estadual de Educação. O motivo da paralisação é um projeto de lei do governo que regulamenta a contratação dos funcionários temporários, situação de cerca de 102 mil dos 209 mil professores da rede. A Secretaria de Estado da Educação propõe discutir a questão. O sindicato dos professores pede a efetivação de todos os temporários.

O presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro de Castro, afirmou que o movimento ganharia força a partir de terça-feira. "Estamos seguindo um calendário. Hoje (segunda-feira) estivemos em todas as escolas para esclarecer professores e alunos sobre o nosso movimento. Amanhã (terça-feira) teremos reunião com pais e comunidades para expor nossas reivindicações. Na quarta-feira, cada regional fará sua assembléia e, na quinta-feira, vamos movimentar o maior número de professores para a passeata. O que não podemos é ver o governo burlar a constituição e continuar com a forma precária de contratação", disse.

De acordo com o projeto, assinado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e enviado à Assembléia Legislativa no último dia 5, os funcionários temporários do Estado teriam contrato de seis meses, renováveis por outros seis. A proposta previa ainda que, após esse período, o servidor teria de ficar dois anos fora da rede de ensino. É por causa desse texto que a categoria teme demissão em massa. Hoje os funcionários que possuem esse tipo de contrato podem trabalhar por tempo indeterminado desde que haja aulas disponíveis.

"O governo retirou o projeto da Assembléia para reestudá-lo, mas nós não queremos nenhuma proposta em relação a isso. Queremos que todos os professores sejam efetivados", afirmou o presidente da Apeoesp. "A secretaria queria que nós fizéssemos uma proposta para o contrato dos temporários, mas queremos que eles deixem de ser temporários. Isso só vai piorar as condições de trabalho e tornar a profissão ainda mais precária", disse Carlos Ramiro.

O secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita, disse segunda-feira, durante uma teleconferência com professores e diretores das 5,4 mil escolas do Estado, que "nem professores, nem ninguém será demitido." "Houve um erro naquele projeto, já que a Educação e a Saúde têm regimes próprios. O governador já esclareceu isso. Então, a pergunta que fica é: como é que se diz para toda a opinião pública que haverá uma grande greve, paralisando todas as escolas, por um projeto de lei que não existe?"

Mesmo com a promessa de que nenhum funcionário temporário da educação será demitido, o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro de Castro, disse que a greve continuará até quinta-feira, quando nova assembléia será realizada. "Não dá para acreditar em palavras. Só depois que for publicado no Diário Oficial é que vamos acreditar que realmente não seremos prejudicados", disse. Segundo a Secretaria de Educação, não é necessário que seja publicado oficialmente.

Histórico

As greves dos professores comandadas pela Apeoesp desde a década de 1970

Governo Paulo Egídio Martins
De 21 de agosto a 9 de setembro de 1978.

  

Governo Paulo Maluf
De 9 de abril a 15 de maio de 1979.

De 22 de março a 25 de março de 1982.

  

Governo Franco Montoro

Greve de 24 horas em 21 de julho de 1983.

De 4 de abril a 17 de abril de 1984.

De 20 de maio a 25 de maio de 1985.

De 10 de setembro a 3 de outubro de 1986.

  

Governo Orestes Quércia

De 7 de maio a 22 de maio de 1987.

De 11 de junho a 18 de junho de 1987.

Greve geral em 20 de agosto de 1987.

Paralisação dos funcionários públicos em 6 de novembro de 1987.

De 15 de fevereiro a 15 de março de 1988.

De 23 de setembro a 12 de outubro de 1988.

Greve geral nos dias 14 e 15 de março de 1989.

De 19 de abril a 7 de julho de 1989 (a mais longa da história dos professores).

  

Governo Luiz Antônio Fleury

De 21 de maio a 24 de maio de 1991.

De 16 de setembro a 8 de outubro de 1991.

De 4 de junho a 5 de junho de 1992.

De 1 de setembro a 25 de setembro de 1992.

De 14 de maio a 15 de maio de 1993.

De 18 de agosto a 4 de novembro de 1993.

De 10 de maio a 17 de maio de 1994.

Dia de paralisação em 16 de setembro de 1994.

  

Governo Mário Covas

De 24 de março a 28 de abril de 1995.

Dia de paralisação em 17 de abril de 1997.

De 8 de maio a 20 de maio de 1998.

De 3 de maio a 14 de junho de 2000.  




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